Indice Global da Fome/África com quatro dos cinco países com níveis alarmantes de fome
Bissau, 13 Out 22 (ANG)
- Quatro dos cinco países com níveis alarmantes de fome estão situados no
continente africano, nomeadamente o Tchad, República Centro-Africana, República
Democrática do Congo e Madagáscar, segundo o Índice Global da Fome (IGF), hoje
divulgado.
O documento, elaborado
anualmente pelas organizações não-governamentais (ONG) Welthungerhilfe e
Concern Worldwide para analisar o estado da fome no mundo, revela que o Iémen
(Médio Oriente) também obtém este nível alarmante de fome.
De acordo com o IGF de
2022, a que a agência Lusa teve acesso, apresentam níveis de fome
previsivelmente alarmantes o Burundi, a Somália, o Sudão do Sul, os três
situados no continente africano, e a Síria.
O relatório, intitulado
"Transformação dos sistemas alimentares e governação local", indica
que a África subsaariana e o sul da Ásia são as regiões com os níveis mais
elevados de fome e as mais vulneráveis a crises futuras. Contudo, nestas
regiões os avanços na luta contra a fome encontram-se estagnados.
Em termos gerais, os
autores referem que "o progresso global contra a fome estagnou em larga
medida nos últimos anos".
A pontuação do IGF para
o mundo em 2022 é considerada moderada - 18,2, o que "revela apenas um
ligeiro declínio em relação à pontuação de 19,1 em 2014".
"A prevalência da
subalimentação mostra que a percentagem de pessoas que não têm acesso regular a
calorias suficientes está a aumentar", com cerca de 828 milhões de pessoas
subalimentadas em 2021, o que representa uma inversão de mais de uma década de
progresso no combate à fome", lê-se no documento.
O IGF identificou 49
países com um nível de fome baixo, moderado em 36 países, grave em 35 países,
alarmante em nove países. A escala da fome não aponta nenhum estado com um
nível extremamente alarmante.
Os autores advertem:
"Sem uma mudança significativa, não se prevê que o mundo no seu conjunto,
nem cerca de 46 países, possam atingir mesmo um nível baixo de fome até
2030".
Um baixo nível de fome
até 2030 é o objectivo global de erradicação da fome, um dos 17 Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável da Agenda de 2030 estabelecidos pela Organização
das Nações Unidas (ONU).
A África subsaariana é a
segunda região do mundo com a segunda maior pontuação de IGF, atrás da Ásia
Meridional.
Nesta região do
continente africano, a prevalência da subnutrição e a taxa de mortalidade
infantil são mais elevados do que em qualquer outra região do mundo, com os
conflitos que se registam a serem determinantes para a insegurança alimentar em
muitos dos seus países, como o Burkina Faso, Camarões, República
Centro-Africana (RCA), Tchad, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia,
Mali, Níger, Nigéria, Rwanda, Somália, Sudão do Sul e Uganda.
"A região é também
singularmente vulnerável à variabilidade e ao impacto das alterações
climáticas, dada a sua elevada taxa de pobreza e dependência de actividades
dependentes dos recursos naturais, como a agricultura, a pesca e a
pecuária", refere-se.
As fortes chuvas que
levam a inundações, o aumento da frequência de secas e a desertificação podem
reduzir ainda mais a produção alimentar e aumentar a insegurança alimentar na
região.
Na África Oriental, a
Etiópia, o Quénia e a Somália estão a sofrer umas das secas mais graves dos
últimos 40 anos, que ameaça a sobrevivência de milhões de pessoas.
Segundo o relatório, o
Iémen, com 45,1 (alarmante) no IGF, tem a pontuação mais alta de todos os
países. A segunda pontuação mais alta (44) foi atribuída à RCA (alarmante).
Na República
Centro-Africana, 52,2% da população está subnutrida - a taxa mais alta
identificada no relatório deste ano.
Os autores concluíram
que a situação mundial da fome é "sombria e lúgubre".
"As crises
sobrepostas que o mundo enfrenta estão a expor as fraquezas nos sistemas
alimentares, desde o global até ao local, e expondo a vulnerabilidade das
populações de todo o mundo à fome", apontam.
Segundo o documento,
"a ameaça de fome paira mais uma vez no Corno de África e os fundos
humanitários continuam a ser insuficientes para chegar a todos os
necessitados".ANG/Angop
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