CPLP/Reservas da biosfera da comunidade representam quase metade da população
das existentes no mundo
Bissau, 11 Nov 22(ANG) – A população
das 24 reservas da biosfera reconhecidas internacionalmente nos países de
língua portuguesa representa quase metade dos habitantes das reservas à escala
mundial, disse hoje o líder do Projeto Rede de Reservas da Unesco na CPLP.
António Abreu, que falava à Lusa no
final da mesa-redonda do I Encontro da Rede de Reservas da Biosfera da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), salientou o “apoio político
formal” dos ministros do Ambiente dos nove Estados-membros da organização
lusófona.
“Na Unesco, no global a nível mundial,
há 738 reservas. Vinte e quatro podem parecer pouco, mas nessas 738 reservas há
270 milhões de habitantes e nós percebemos esta semana que somos 100 milhões,
ou seja, quase metade da população. E isso significa que estamos a dar, a CPLP,
os países da CPLP, um contributo muito forte”, disse António Abreu.
O primeiro encontro foi o lançamento
público da Rede das Reservas da Biosfera da CPLP e visou reforçar a articulação
entre os seus membros para a partilha de informação e discussão de iniciativas
futuras, nomeadamente, no que respeita a potenciais modelos de promoção das
Reservas da Biosfera da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura) na CPLP.
António Abreu destacou o “apoio
político formal” dado pelos ministros do Ambiente dos nove Estados-membros da
CPLP em 2021, em Luanda.
“Durante uma série de anos, as
reservas que eram menos do que aquelas que existem no espaço lusófono, foram
sempre tentando criar uma rede numa lógica de que cooperando podiam melhor
cumprir a sua função e obrigação perante a Unesco e, sobretudo, ter mais
sucesso no seu trabalho do dia-a-dia”, considerou.
Todavia, alertou, “as reservas não são
uma varinha mágica”.
“São sobretudo uma plataforma de
diálogo, de concertação e de mobilização para equacionar soluções para
problemas que são locais, mas que também são globais. E, portanto, o desafio
que eu acho que se tem de integrar no trabalho, para além das questões
técnicas, que também é preciso fazer de uma forma competente, é sobretudo da
comunicação e uma comunicação que seja orientada para os diferentes segmentos”,
defendeu.
“Não vale a pena dizermos que há
valores naturais, que é importante preservar, se não explicamos o que são, o
que é que eles valem, quanto é que valem até economicamente, o que é que
significa perdermos isso e o que é que significa conservarmos e utilizarmos de
uma forma sustentável”, acrescentou.
António Abreu está confiante de que os
Estados-membros vão ter mais reservas da biosfera.
“Com certeza que qualquer país pode
ter mais reservas da biosfera e tem havido um crescimento ao longo dos anos.
Recordo que no início deste século só a Guiné-Bissau, com uma reserva, o
Brasil, com duas ou três reservas, e Portugal, com duas ou três reservas, é que
tinham reservas da biosfera”, recordou.
“Timor prepara-se para ter reservas,
Angola tem uma manifestação de interesse. Creio que a Guiné Equatorial um dia
mais tarde também, e existe na Guiné-Bissau uma reserva quase pronta para ser
submetida para candidatura. Em Portugal há algumas tentativas ainda em fase,
mas pronto, temos 12, e São Tomé tem a ideia de fazer uma reserva também na
ilha de São Tomé. Moçambique tem a ideia de fazer mais reservas porque só tem
uma. Portanto, há aqui uma dinâmica que esperamos que o projeto também ajude”,
antecipou.
A Rede de Reservas da Biosfera da CPLP
inclui 24 territórios classificados pela Unesco no Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
António Abreu revelou ainda que o
projeto de reservas da biosfera da CPLP tem em vista o desenvolvimento de uma
plataforma ‘online’ e que haverá avaliações de potenciais novas reservas da
biosfera.
“E há também uma outra perspetiva que
é o desenvolvimento de três projetos-piloto. Portanto, em algumas destas
reservas, a nível de projeto, com outros parceiros, desde a Universidade de
Coimbra, Associação dos Amigos da Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe, vão
dinamizar três projetos. Um deles é a construção de um roteiro de turismo
sustentável em reservas da biosfera da CPLP, valorizando estes territórios e
posicionados com valor acrescentado no mercado, porque o turismo é, de facto,
algo que é importante”, elucidou.
“Outro é o mapeamento e avaliação
económica dos serviços dos ecossistemas em reservas de biosfera da CPLP e o
terceiro é sobre as paisagens produtivas, que tem a ver com as formas
tradicionais do uso da terra, da agricultura, da segurança alimentar”,
sintetizou.
O II Encontro decorrerá em data a
marcar na ilha do Fogo, em Cabo Verde.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário