Irão/Pelo menos 328 mortos e quase 15.000 detidos nos protestos
Segundo o grupo, que acompanha os
protestos há 54 dias, o anúncio do número de vítimas visa enfrentar o silêncio
mantido pelo Governo do Irão há várias semanas e as informações avançadas pela
imprensa estatal, que garante que as forças de segurança não mataram ninguém.
As manifestações, que são já
consideradas a maior ameaça ao regime teocrático do Irão desde a Revolução
Islâmica, em 1979, deverão intensificar-se nos próximos dias, à medida que as
pessoas vão para as ruas para marcar o luto dos 40 dias pelos primeiros
manifestantes mortos, uma cerimónia comum em vários países do Médio Oriente.
Apesar de o Governo e o Exército terem
renovado as ameaças contra a dissidência local e o mundo em geral, as várias
cerimónias do luto dos 40 dias ameaçam tornar os protestos em confrontos cíclicos
entre um público cada vez mais desiludido e as forças de segurança que recorrem
a uma violência cada vez maior.
No dia 26 de Outubro, quando se
assinalou o 40º dia desde a morte da jovem Mahsa Amini, centenas de pessoas
reuniram-se à frente do seu túmulo, apesar de o gabinete do governador
provincial ter anunciado que “a família não ia assinalar a data”.
O dia foi assinalado com vários
protestos, sobretudo em universidades.
Vídeos divulgados hoje na internet a
partir do Irão – apesar dos esforços do Governo para suprimir a internet –
mostram manifestações em Teerão e outras cidades, onde é possível ver o uso de
gás lacrimogéneo contra gritos de “Morte ao Ditador”, um canto que se tornou
comum nos protestos contra o líder supremo do Irão, Ali Khamenei.
Não ficou imediatamente claro se houve
feridos ou detidos nestes protestos, embora a agência de notícias estatal
iraniana IRNA tenha reconhecido as manifestações como sendo as de Isfahan.
Entretanto, o comandante da Força
Aeroespacial da Guarda Revolucionária Islâmica, Amir Ali Hajizadeh, anunciou
hoje, sem apresentar provas, que as suas forças adquiriram mísseis
hipersónicos.
Os mísseis hipersónicos voam a uma
velocidade cinco vezes superior à velocidade do som, representando uma ameaça
aos sistemas de defesa antimísseis.
Acredita-se que a China e os Estados
Unidos estejam a tentar adquirir este tipo de armas, enquanto a Rússia afirma
já estar a colocá-las em campo e garante que já as usou na Ucrânia.
O Irão culpa a Arábia Saudita, o Reino
Unido, Israel e os EUA por fomentarem distúrbios no país, tendo os responsáveis
do Governo avisado que a “paciência pode esgotar-se” numa ameaça velada a estes
países.
Mahsa Amini morreu num hospital em 16
de Setembro, três dias após ser detida pela polícia da moralidade por usar o
véu islâmico alegadamente de forma incorreta. Desde então, os protestos
mantêm-se, sendo duramente reprimidos pelas forças de segurança.
A indignação no Irão pela morte de
Mahsa Amini provocou a maior onda de protestos contra o Governo desde as manifestações
contra o aumento dos preços da gasolina de 2019, num país rico em petróleo. ANG/Inforpress/Lusa
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