Irão/Apelos a novos protestos no país após alegada abolição da polícia da moralidade
Bissau, 05 Dez (ANG) – Ativistas iranianos convocaram hoje protestos para os próximos três dias, com mobilizações e greves, após o procurador-geral do Irão ter anunciado que a polícia da moralidade, na origem de meses de protestos no país, “foi encerrada”.
“A unidade é um dos fatores
para a vitória”, disse um grupo de jovens dos bairros da capital, Teerão, nas
redes sociais, apelando a uma greve hoje, seguida de manifestações nos
subúrbios, na terça-feira, e de uma reunião na praça central de Azadi, na
quarta-feira.
O Irão tem sido afetado por
meses de protestos, que culminaram em apelos ao derrube dos líderes religiosos
da República Islâmica, após a morte de Masha Amini, 22 anos, que tinha sido
detida pela polícia da moralidade por uso incorreto do véu islâmico.
Em quase três meses de
protestos, mais de 400 pessoas morreram e pelo menos duas mil foram detidas e
acusadas de vários crimes por participarem nas mobilizações, entre as quais
seis foram condenadas à morte.
No sábado, o
procurador-geral Mohamed Jafar Montazeri revelou que a polícia da moralidade
“foi encerrada”, indicou a agência noticiosa ISNA. A agência não forneceu
detalhes e os ‘media’ estatais não se referiram a esta suposta decisão.
A agência noticiosa
Associated Press (AP) não conseguiu confirmar o atual estatuto da força,
estabelecida em 2005 com a tarefa de deter e questionar pessoas que violassem o
código de vestuário islâmico em vigor.
Desde setembro que diversos
relatos indicam uma redução do número de polícias da moralidade nas cidades
iranianas e um aumento do número de mulheres que surgem em público sem o véu
islâmico, mesmo que ainda contrarie a lei iraniana.
O procurador-geral Montazeri
não especificou sobre o futuro da polícia da moralidade, ou se a sua extinção
era aplicável a nível nacional e de forma permanente. No entanto, acrescentou,
o sistema judiciário iraniano “continuará a examinar o comportamento a nível da
comunidade”.
Na sexta-feira, a ISNA
reproduziu declarações de Montazeri nas quais assegurou que o Governo estava a
rever a lei obrigatória sobre o uso do hijab para as mulheres.
“Estamos a trabalhar
rapidamente sobre a questão do hijab e a fazer o nosso melhor para garantir uma
solução sensata para abordar este fenómeno que fere o coração de qualquer
pessoa”, disse Montazeri, sem adiantar mais detalhes.ANG/Inforpress/Lusa
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