Adis
Abeba/UA estima pelo
menos 600 mil mortos na guerra de Tigray
Bissau, 16 Jan 23 (ANG) - Pelo menos 600 mil pessoas terão
morrido na guerra iniciada em 2020 entre o exército etíope e a Frente Popular
para a Libertação do Tigray, estimou domingo o mediador da União Africana (UA)
para o conflito naquela região da Etiópia.
Olusegun Obasanjo, que é também ex-presidente da Nigéria,
avançou, em entrevista ao jornal Financial Times, que as suas estimativas
apontam para pelo menos 600 mil mortos no conflito, recordando que, durante a
assinatura do acordo de cessar-fogo em Pretória, na África do Sul, em Novembro
do ano passado, as autoridades etíopes se felicitaram por interromper um
conflito que, até então, matava "mil pessoas por dia".
O conflito em Tigray eclodiu em Novembro de 2020 depois de um
ataque da Frente Popular para a Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês)
à principal base do exército, localizada em Mekele.
O ataque realizou-se depois de meses de tensões políticas e
administrativas, incluindo a recusa da TPLF em aceitar um adiamento das
eleições e a realização de eleições regionais fora de Adis Abeba.
O Governo do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, respondeu ao ataque
com uma ofensiva contra o grupo.
A TPLF, que foi força dominante da coligação governante da
Etiópia desde 1991 - a Frente Democrática Revolucionaria Popular Etíope, de
base étnica -, acusa o primeiro-ministro de alimentar tensões desde que chegou
ao poder, em Abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo (o maior grupo
étnico da Etiópia) a tomar posse.
Grupos de especialistas internacionais ouvidos pelo jornal
Financial Times consideraram que a estimativa de Obasanjo pode estar
"aproximadamente correcta".
É o caso do investigador da Universidade de Ghent (Bélgica), Tim
Vanden Bempt, que calcula que só o número de mortes de civis oscile "entre
300 mil e 400 mil ", seja pelas atrocidades da guerra, pela fome ou por
falta de acesso a cuidados médicos.
Responsáveis etíopes, que falaram ao jornal sob condição de
anonimato, consideraram, no entanto, que estas estimativas são exageradas,
apontando que o conflito deverá ter provocado entre 80 mil e 100 mil mortos.ANG/Angop
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