África subsaariana/Número
de vítimas de tráfico humano diminuiu –
ONU
Bissau, 24 Jan 23 (ANG) – O número de vítimas de tráfico humano detectados na África subsaariana diminuiu ligeiramente em 12% entre 2019 e 2020, refere o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas das Nações Unidas, relativo a 2022 e hoje divulgado.
Segundo
o documento, elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC,
na sigla em inglês), as crianças continuam a representar a maioria das vítimas
detectadas e se a elas se juntar as mulheres, o total de vítimas destes dois
grupos populacionais traficados na África subsaariana é de 62%.
“Entre
2019 e 2020, a taxa de vítimas infantis por 1.000.000 habitantes aumentou 43%”,
todavia, detalha o relatório, “são detectadas menos vítimas por 100.000
habitantes do que noutras partes do mundo”.
“Embora
a exploração sexual seja historicamente uma forma de exploração noutras regiões
que registam maioria de vítimas do sexo feminino, o trabalho forçado continua a
ser a forma mais comum de tráfico detectada na África subsaariana,
particularmente nos países da África Oriental, em que o tráfico para trabalho
forçado representou 80% da forma de exploração para o total de vítimas
registado em 2020”, aponta o relatório.
Em
comparação com outras regiões de tráfico transfronteiriço, as vítimas da África
subsaariana são detectadas num número crescente de países, tanto dentro como
fora da região de origem.
Segundo
o relatório, 85% das vítimas detectadas em 2020 foram traficadas domesticamente
e nas situações em que foram detectadas vítimas estrangeiras, a maioria era
traficada dentro da região de outros países da África subsaariana, particularmente
de países da África Oriental e Austral.
“Os
relativamente poucos fluxos de longa distância para a África subsaariana são
originários principalmente do sul e leste da Ásia. No entanto, os fluxos da
África subsaariana são muito mais variados e extensos. A maioria que é
traficada fora da região é detectada em países do norte de África e do Médio
Oriente Médio e na Europa”, destaca o documento.
Embora
os homens representem a parcela dominante dos traficantes acusados na África
subsaariana, as mulheres são condenadas numa grande proporção (44%).
“Em
2020, em cada dez pessoas acusadas, duas eram mulheres. Ainda, no mesmo
período, por cada dez pessoas condenadas, quatro eram mulheres”, detalha.
No
texto de apresentação do relatório, a directora-executiva do UNODC, Ghada Waly
explica que o documento, que vai na sua sétima edição, “visa chamar a atenção
para um problema partilhado e impulsionar a acção contra esse crime, fornecendo
aos atores políticos e profissionais as informações e análises que necessitam para
ajustar respostas e melhorar a prevenção”.
“Pela
primeira vez, o relatório também apresenta contribuições de jovens académicos
como parte dos esforços do UNODC para apoiar a próxima geração de
investigadores e construir novas ligações para apoiar soluções eficazes”,
acrescenta.
Ghada
Wally vinca que não se pode permitir que um “crime imoral” como é o tráfico
humano “seja encarado com indiferença e impunidade”.
“Aproveitemos
esta oportunidade para redobrar o nosso compromisso e juntar comunidades e
governos, forças da autoridade, saúde e serviços sociais, escolas, sociedade
civil, universidades, ONU e todos os parceiros para fortalecer a resiliência
contra a exploração e acabar com o tráfico de pessoas de uma vez por todas”,
conclui. ANG/Inforpress/Lusa
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