ONU/Secretário-geral acusa petrolíferas de terem consciência da destruição do planeta
Bissau, 19 Jan 23 (ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu quarta-feira (18) a responsabilização de empresas de petróleo que sabiam, na década de 1970, estarem a destruir o planeta, à semelhança do que foi feito com a indústria do tabaco.
"As grandes empresas de petróleo cavalgaram em cima de
grandes mentiras", acusou Guterres, na sua intervenção no Fórum Económico
de Davos, que decorre esta semana na Suíça, defendendo que quem o fez "tem
de ser responsabilizado".
Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, "alguns
produtores de combustíveis fósseis tinham total conhecimento, na década de
1970, de que o seu produto estava a queimar o planeta, mas, tal como
[aconteceu] na indústria do tabaco, passaram por cima da ciência".
Mesmo hoje, sublinhou Guterres, "os produtores de
combustíveis fósseis tentam aumentar a produção sabendo perfeitamente que este
modelo de negócio é inconsistente com a sobrevivência humana".
Para o líder da ONU, a Humanidade está "a brincar com [a
possibilidade de haver um] desastre ambiental".
"Todas as semanas surge uma nova história de horror
climático. As emissões de gases com efeito de estufa estão em níveis recorde,
mas continuam a aumentar", alertou, referindo que o compromisso para
travar o aumento médio global da temperatura a 1,5 graus Celsius está a desvanecer-se.
"Se não adoptarmos mais acções, vamos ter um aumento de 2,8
graus e as consequências disto, como todos sabemos, serão devastadoras",
advertiu.
"Muitas partes do nosso planeta deixarão de ser habitáveis
e, para muitos, isso será uma sentença de morte", acrescentou ainda,
sublinhando, no entanto, que "isto não é nenhuma surpresa".
A ciência, frisou o representante, "tem sido clara há
décadas", mas muitos preferiram não seguir as recomendações.
Uma situação que António Guterres admitiu "parecer ficção
científica", referindo, no entanto, que "são os factos duros e
crus".
Guterres considerou ainda que é preciso enfrentar os problemas
de maneira frontal.
"Estamos a olhar para o olho de um furacão de categoria
5", disse, reiterando que o cenário global mostra "uma tempestade
perfeita em várias formas".
"No curto prazo temos uma crise económica global", com
"muitas regiões do mundo a enfrentar uma recessão e o mundo inteiro a
sofrer um abrandamento (económico)", afirmou, acrescentando que "as
muitas desigualdades e a crise estão a afectar sobretudo as mulheres e
meninas" em todo o mundo.ANG/Angop
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