África/ONU quer resposta para travar "subida exponencial" da cólera
Bissau, 15 Fev 23 (ANG) – A Organização das Nações Unidas (ONU) pede resposta urgente para travar a "subida exponencial" de surtos de cólera em África, incluindo em Moçambique, com 26 mil infectados e 660 mortes registados até 29 de Janeiro em 10 países africanos".
Estes países são os que
"enfrentam surtos desde o início do ano", acrescenta num comunicado
divulgado esta terça-feira.
A Organização Mundial de
Saúde (OMS), a Unicef e a Cruz Vermelha já mobilizaram mais de 3 milhões de
doses de vacinas para dar resposta ao surto em três países africanos.
Mas "a infecção
aguda e virulenta mata rapidamente por desidratação" e a "intervenção
com reidratação oral ou intravenosa imediata pode ajudar a tratar a maioria das
pessoas".
Em Janeiro de 2023, os
casos registados situaram-se 30% acima do total de todas as notificações do ano
passado.
Em 2022, quase 80 mil
casos e 1.863 mortes foram registados em 15 países afectados por surtos de
cólera.
Por isso, a OMS receia
que com a persistência da tendência de crescimento da doença, o número de casos
notificados em 2021, que foi considerado o pior ano de cólera em África em
quase 10 anos, seja superado.
"A taxa média de
letalidade ultrapassa agora em quase 3%, os 2,3% de 2022. O nível aceitável é
menos de 1%", refere ainda a nota emitida de Nova Iorque.
A maior parte dos novos
casos e mortes foi confirmada no Malawi, que enfrenta o pior surto da doença em
duas décadas. Mas Moçambique e Zâmbia também relataram casos recentemente.
Outros países afectados são: Burundi, Camarões, República Democrática do Congo
e Nigéria, adianta.
Na África Oriental,
Etiópia, Quénia e Somália estão a responder a surtos de cólera ao mesmo tempo
que atravessam uma seca prolongada e severa que deixou milhões de pessoas em
extrema necessidade de assistência humanitária.
A directora regional da
OMS para África, Matshidiso Moeti, citada no comunicado lembrou que a agência
está a apoiar o reforço das principais medidas de controle, para interromper o
surto.
Mas apela aos países
africanos para que do seu lado "aumentem o nível de prontidão no
diagnóstico dos casos e montem uma resposta abrangente e oportuna".
Os esforços conjuntos
têm de se concentrar no aumento da vigilância da doença, medidas de prevenção e
tratamento, envolvimento das comunidades e coordenação com parceiros e agências
de vários sectores, para melhorar o saneamento e fornecer água potável à
população.
Por isso, a agência
refere que "enviou 65 especialistas para cinco países africanos, incluindo
40 para o Malawi e desembolsou 6 milhões de dólares para iniciar a resposta de
emergência neste país, no Quénia, e em Moçambique".
Só este ano, cerca de
3,3 milhões de doses da vacina contra a cólera foram enviados para RDC, Quénia
e Moçambique, através do Grupo de Coordenação Internacional de Fornecimento de
Vacinas.
A parceria da Cruz
Vermelha, Médicos sem Fronteiras, Unicef e OMS visa administrar suprimentos
emergências de vacinas.
Porém, o grupo teve que
adoptar a abordagem de dose única em campanhas de resposta a surtos de cólera,
suspendendo temporariamente o regime padrão de duas doses, devido ao aumento
global dos surtos que "colocou enorme pressão sobre a disponibilidade de
vacinas".
Assim, "receia-se
que um novo surto aprofunde a escassez" de vacinas, acrescenta a nota.
Para Moeti, a cólera
"é um desafio tanto para a saúde quanto para o desenvolvimento"
porque "todas as mortes pela doença podem ser evitadas" com
investimentos em melhor saneamento e acesso à água potável, que complementam
"formidavelmente as iniciativas de saúde pública para controlar e
erradicar a cólera de forma sustentável".
O controlo eficaz da
doença, "depende da implementação de medidas abrangentes, como vigilância
epidemiológica e laboratorial aprimorada para detectar, confirmar e responder
rapidamente a surtos", defende a OMS.
A agência da ONU
sublinha também que "os surtos ocorrem num contexto de eventos climáticos
extremos, conflitos, surtos contínuos de doenças como o poliovírus selvagem e
recursos financeiros limitados". ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário