Mali/Autoridades militares expulsam director da divisão de direitos humanos da ONU
Bissau, 06 Fev 23 (ANG) - O director da divisão de direitos humanos da Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) foi declarado "persona non grata" e "terá de abandonar o território nacional em 48 horas", disse domingo a junta militar no poder.
A decisão, anunciada em
comunicado, surge após um discurso duramente criticado pela junta de uma
defensora dos direitos humanos do Mali, que há 10 dias denunciou na ONU a
situação de segurança no país e o envolvimento, segundo a activista, dos novos
aliados russos e do exército nacional em violações graves.
"Esta medida
segue-se às acções desestabilizadoras e subversivas" do responsável da ONU
Guillaume Ngefa-Atondoko Andali, diz o comunicado, lido na televisão nacional e
assinada pelo porta-voz do governo, o coronel Abdoulaye Maiga.
"Por ocasião das
várias sessões do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali, a acção do Sr.
Andali consistiu em seleccionar usurpadores que se arrogam o título de
representantes da sociedade civil do Mali, ignorando as autoridades e as
instituições nacionais", acrescenta o documento sobre a saída do país do
responsável da República Democrática do Congo.
No documento
acrescenta-se: "A parcialidade do Sr. Andali foi ainda mais evidente
durante a última revisão do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali",
dia da intervenção pela sociedade civil de Aminata Cheick Dicko.
Aminata Cheick Dicko
discursou perante o Conselho de Segurança no dia 27 de Janeiro, denunciando
abusos das forças armadas do país e de mercenários russos, uma intervenção
muito criticada pela junta no poder no Mali.
A Minusma foi criada em
2013 para ajudar a estabilizar um Estado ameaçado de colapso sob a ofensiva
'jihadista', proteger os civis, contribuir para o esforço de paz, ou defender
os direitos humanos.
Mas a situação de
segurança no Mali tem continuado a piorar. A junta militar no poder está a
bloquear abertamente as investigações da Minusma sobre os direitos humanos e os
abusos dos quais as forças malianas são regularmente acusadas.
No dia 27 de Janeiro, o
secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu num relatório apresentado
no Conselho de Segurança que a actual situação da missão no Mali é
"insustentável" sem um aumento do número de tropas no terreno,
admitindo também um cenário de retirada total das tropas.
No mesmo dia, o Governo
do Mali manifestou relutância em aumentar a dimensão e as capacidades da
Minusma. ANG/Angop
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