França/Pelo menos 12 jornalistas foram mortos em 2022 no contexto de guerra na Ucrânia
Bissau, 07 Mar 23 (ANG) – Pelo menos 12
profissionais dos ‘media’ foram mortos no desempenho das suas funções durante o
ano passado e no contexto da invasão russa da Ucrânia, avança o Conselho da
Europa, num relatório hoje divulgado.
Segundo
o documento, intitulado “A guerra na Europa e a luta pelo direito de informar”,
também foram registados, no mesmo período, 21 jornalistas feridos enquanto
trabalhavam.
A
análise, realizada pelas organizações parceiras da Plataforma do Conselho da
Europa para a promoção, proteção do jornalismo e segurança dos jornalistas,
refere que a guerra na Ucrânia tem decorrido “num contexto de degradação
continuada” da liberdade de imprensa em toda a Europa e alerta para um “aumento
significativo do número de jornalistas detidos”.
Durante
o ano de 2022, a plataforma publicou 289 alertas sobre graves ameaças ou
ataques à liberdade de imprensa em 37 Estados, denunciando casos de jornalistas
assassinados, presos, agredidos, ameaçados e submetidos a campanhas de
difamação.
Este
número inclui alertas relativos à Rússia, já que as organizações parceiras
decidiram continuar a monitorizar o estado da liberdade de imprensa e os
ataques contra jornalistas naquele país mesmo depois da sua expulsão do
Conselho da Europa, em março do ano passado, acrescentou o relatório hoje
conhecido.
“Temos
vindo a assistir a um aumento preocupante de ataques e ameaças contra
jornalistas no último ano”, admitiu a secretária-geral do Conselho da Europa,
Marija Pejčinović Burić, citada no relatório.
Segundo
Marija Pejčinović Burić, ao longo de 2022 “muitos jornalistas demonstraram
coragem” e outros “pagaram com a vida pelo direito de dar notícias após a
agressão da Rússia à Ucrânia”, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado.
“O
facto de muitos desses ataques ficarem impunes constitui uma ameaça aos
alicerces das nossas sociedades”, alertou a responsável, apelando aos
Estados-membros do Conselho da Europa para que “levem esta questão a sério” e
“respeitem plenamente os direitos dos jornalistas, garantam a sua segurança,
protejam as suas fontes e evitem a censura e outras formas de interferência no
seu trabalho”.
Relativamente
à situação fora do cenário da guerra na Ucrânia, a plataforma concluiu que as
detenções arbitrárias e de jornalistas se tornaram comuns na Europa.
Apesar
de ter registado menos alertas sobre ameaças e ataques em manifestações contra
as restrições ligadas à pandemia de covid-19 (em comparação ao ano anterior), o
Conselho da Europa lamenta o número de jornalistas detidos por fazerem o seu
trabalho.
“Em
31 de dezembro de 2022, 127 jornalistas e profissionais de comunicação social
estavam detidos, incluindo 95 com alertas ativos na plataforma (o que
representa um aumento de 60% em relação a 31 de dezembro de 2021) e 32
profissionais na Bielorrússia, cujos alertas ainda não tinham sido publicados”,
apontou a organização.
Durante
o ano passado, a plataforma registou 74 alertas relativos a ataques à
integridade física de jornalistas, o que representa mais de um quarto do total
de alertas, adiantou o relatório hoje divulgado.
Além
disso, os parceiros que monitorizam a situação na Europa registaram 41 alertas
de detenções e prisões de jornalistas (14% do total de alertas), 94 de casos de
assédio e intimidação (32%) e 80 relativos a outros atos que ameaçam a
liberdade de imprensa (28%).
A
plataforma foi criada pelo Conselho da Europa em 2015, em cooperação com
organizações não-governamentais (ONG) ligadas à liberdade de expressão e com
associações de jornalistas.
O
Conselho da Europa foi criado em 1949 para defender os Direitos Humanos, a
Democracia e o Estado de Direito e integra atualmente 46 Estados-membros,
incluindo todos os países que compõem a União Europeia (UE). ANG/Lusa
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