quinta-feira, 2 de março de 2023

               Irão/Casos de intoxicação de raparigas em escolas indignam

Bissau, 02 Mar 23 (ANG) – Cento e oito  raparigas de sete estabelecimentos escolares de Ardabil, no norte do Irão, foram hospitalizadas hoje, depois de terem sido intoxicadas por um gás inalado nos seus respectivos estabelecimentos de ensino, casos semelhantes tendo sido registados hoje em Teerão.

Estas não são as primeiras intoxicações de meninas no Irão, as autoridades acreditando que por detrás disto estão indivíduos que se opõem à escolarização das raparigas.

Segundo as autoridades sanitárias da zona de Ardabil, o estado das jovens que sofreram hoje dificuldades respiratórias e náuseas está a evoluir positivamente.

Os órgãos de comunicação social iranianos noticiaram igualmente novos casos de intoxicação em pelo menos três estabelecimentos de Teerão. Segundo fontes citadas pela agência noticiosa iraniana Fars, raparigas foram intoxicadas com a "projecção de uma espécie de spray", tendo sido em seguida mobilizados serviços de emergência para os locais.

Desde Novembro, segundo estimativas da comissão parlamentar iraniana da saúde, foram registados mais de 800 casos deste teor na cidade santa de Qom, no norte do país, e 400 outros em Borujerd, no oeste.

Segundo os resultados de exames toxicológicos fornecidos pelo Ministério da Saúde e citados por um deputado, a substância tóxica utilizada em Qom era composta designadamente de gases à base de azoto, utilizados na indústria ou como adubos.

O Ministério iraniano da Saúde  considera que estas intoxicações são da autoria de "certos indivíduos" que pretendem com estas acções provocar o "encerramento de todas as escolas, em particular as escolas para as meninas"algo que militantes comparam com o modo operatório do grupo jihadista Boko Haram na Nigéria.

Perante esta situação, o presidente iraniano pediu hoje ao ministro do Interior que acompanhe o caso e informe a população sobre o andamento do inquérito na óptica de "varrer as preocupações das famílias". As autoridades referem estar a investigar estes casos, mas até agora não houve nenhuma detenção.

O silêncio observado até agora pelas autoridades face a estes casos tem provocado uma crescente indignação neste país já abalado por uma onda de contestação desde Setembro, liderada essencialmente por mulheres. ANG/RFI

 

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