ONU/ Alcançado acordo histórico para proteger o alto mar
Bissau, 07 Mar 23 (ANG) - Os estados-membros da ONU
chegaram a acordo, no sábado, sobre o primeiro tratado internacional de
protecção do alto mar.
O documento
define as bases para o estabelecimento de áreas marítimas protegidas, com a
ambição de salvaguardar até 30% dos oceanos até 2030.
Após 15 anos de negociações, os estados-membros
da ONU chegaram a acordo sobre o primeiro tratado internacional de protecção do
alto mar. O objectivo é enfrentar as ameaças que pesam sobre ecossistemas
vitais para a humanidade e, para isso, o documento define as bases para o
estabelecimento de áreas marítimas protegidas com a ambição de salvaguardar,
pelo menos, 30% dos oceanos até 2030.
Ainda que o texto tenha sido finalizado e
não deva sofrer alterações substanciais, ele apenas deverá ser formalmente
adoptado mais tarde, depois de ser revisto pelos serviços jurídicos e traduzido
nas seis línguas oficiais da ONU.
O conteúdo exacto do documento não foi
imediatamente publicado, mas os activistas saudaram-no como um passo decisivo
para a protecção da biodiversidade.
Também o Secretário-Geral das Nações
Unidas, António Guterres, felicitou os delegados e falou em “vitória para o
multilateralismo e para os esforços mundiais que visam travar as tendências
destruidoras que ameaçam a saúde dos oceanos actualmente e para as gerações
vindouras”.
O alto mar começa onde terminam as zonas
económicas exclusivas dos Estados, a cerca de 200 milhas náuticas (370
quilómetros) das costas, não estando, por isso, sob jurisdição de nenhum
Estado. Apesar de o alto mar representar mais de 60 % dos oceanos, foi durante
muito tempo subestimado no combate ecológico em detrimento das zonas costeiras
e de algumas espécies emblemáticas. Ora, o progresso da ciência mostrou a
importância de proteger estes oceanos, repletos de uma biodiversidade muitas
vezes microscópica, que também fornece metade do oxigénio que respiramos e
limita o aquecimento global ao absorver parte importante do CO2 emitido pelas
actividades humanas. O problema é que o alto mar está também a sofrer com essas
emissões de CO2, com o aquecimento global e a acidificação da água, mas também
com poluição de todos os tipos e com a sobrepesca.
Quando entrar em vigor - depois de ter
sido formalmente adoptado, assinado e ratificado por um número suficiente de
países - o novo tratado deverá criar áreas marinhas protegidas nessas águas
internacionais. Estima-se que apenas 1% do alto mar seja alvo de medidas
de conservação, pelo que este tratado é considerado essencial para se conseguir
proteger, até 2030, 30% das terras e oceanos do planeta.ANG/RFI
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