Administração pública/Diretora-geral do Trabalho,Emprego e Formação Profissional admite que formação de quadros do país é desorganizado
Bissau,13 Abr 23(ANG) - A Diretora-geral do Trabalho, Emprego e Formação Profissional, Assucenia Donate de Barros, admitiu quarta-feira que o processo de formação de quadros do país é desorganizado e não privilegia as necessidades de mão-de-obra do mercado.
A responsável falava na
abertura da conferência nacional sobre o trabalho na Guiné-Bissau com enfoque
nos jovens e nas mulheres, patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
A conferência que decorre
sob o lema "Empoderar e Capacitar" junta, num hotel de Bissau, cerca
de 50 participantes, entre jovens e mulheres, até quinta-feira.
Na sua intervenção, a
diretora-geral do Trabalho, Emprego e Formação Profissional destacou que na
Guiné-Bissau a tendência é formar quadros, mas "sem se preocupar com
profissões que fazem falta no dia-a-dia".
"A meu ver devemos
apostar no setor primário da sociedade tendo em conta o país que nós temos, um
país em desenvolvimento nas pescas, no turismo, nas infraestruturas, em vários
outros setores da economia", observou.
Assucenia Donate de Barros
deu como exemplo o facto de a Guiné-Bissau estar a formar "mestres e
doutores em Direito", mas deixa de lado, disse, a formação profissional
"de pessoas que sabem fazer".
"Formamos mestres em
Direito por exemplo, mas não temos um eletricista, não temos um bom
carpinteiro", notou a diretora-geral, que defendeu a necessidade de haver
sinergias das instituições na elaboração da política do emprego para o país.
Assucenia de Barros propõe
uma política virada para o futuro com aposta nas áreas que "realmente
fazem falta", o que, disse, passa por uma melhor organização do mercado de
trabalho.
"Na Guiné-Bissau
verificamos que o mercado do trabalho está um pouco desorganizado, ou seja,
existe a necessidade urgente de termos orientações técnicas, pedagógicas
relativamente à demanda do mercado, pois estamos a formar e não estamos a
conseguir absorver o que estamos a formar", frisou a responsável do
Ministério da Administração Pública, Emprego, Trabalho e Segurança Social.
O representante do PNUD na
Guiné-Bissau, Tjark Engenhoff, disse esperar que a conferência sirva para
ajudar a levantar a autoestima e ainda a capacitar os participantes, sobretudo
as mulheres.
Tjark Engenhoff defendeu ser
urgente que na Guiné-Bissau sejam redesenhados os espaços que permitam a
participação das mulheres e dos jovens na tomada de decisões.
O responsável da ONU apontou
as eleições legislativas, marcadas para 04 de junho, como um momento
privilegiado para uma "aplicação prática" da lei da paridade, aprovada
pelo parlamento guineense em 2018 e que prevê a integração de 36% de mulheres
nas listas de partidos como candidatas a deputadas.
A particularidade da lei é
de que as mulheres devem ser colocadas em lugares onde poderão ser elegíveis.
As organizações da sociedade
civil e as plataformas que congregam as mulheres têm acusado os partidos de
desrespeito àquela lei. ANG/Lusa
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