Senegal/Ousmane Sonko levado à força pelas autoridades para Dakar
Bissau,29 Mai 23 (ANG) - Num cenário de "intensa confusão" como
descreveu o politólogo Henri Labery em declarações à RFI, o líder da
oposição senegalesa, Ousmane Sonko, foi no domingo levado à força pelas
autoridades para Dakar, sendo acusado de posse de armas e ter promovido
conflitos em várias cidades.
Ousmane Sonko, que ficou em terceiro lugar nas presidenciais de 2019 no Senegal e tem cada vez mais apoio junto dos jovens senegaleses, queria levar a cabo uma "caravana da liberdade" entre a sua residência, em Ziguinchor, no Sul do país, e Dakar.
A viagem que dura cerca de nove horas, levaria assim vários dias
com esta figura da oposição senegalesa a ter saído na sexta-feira da sua casa e
a chegar alguns dias depois a Dakar.
No entanto, esta viagem de encontro com as populações foi
encurtada pelas autoridades senegalesas que no domingo identificaram o cortejo
de carros em que seguia Ousmane Sonko, detiveram-no e levaram-no à força
para Dakar.
Durante algumas horas o seu
paradeiro era desconhecido, sabendo-se actualmente que ele estará numa
residência que lhe pertence na capital.
A polícia disse ter encontrado armas nos carros de Sonko e acusa
este líder da oposição de ter causada a morte de uma pessoa durante a passagem
do seu cortejo numa cidade.
O líder do partido Pastef era esperado na capital para a
leitura, no dia 1 de Junho, da sua sentença no quadro de uma acusação de
violação.
Em declarações à RFI, o politólogo guineense Henri
Labery disse que o objectivo das autoridades senegalesas é de tornarem
Sonko inelegível para as próximas eleições.
"No
Senegal, o caso de Ousmane Sonko dá problemas ao Governo e o objectivo é
afastá-lo de qualquer maneira de participar nas próximas contendas eleitorais.
Na primeira condenação de seis meses já consegue este objectivo, numa segunda
condenação esperada para o dia 1 de Junho, num conflito com uma senhora que o
acusa de agressão sexual, Sonko não compareceu e poderá esperar uma
condenação por contumácia", indicou o politólogo.
Ousmane Sonko rejeita esta acusação, tendo já dito que não
assistirá à leitura da sentença no tribunal, acusando o actual Presidente de
"uma armadilha" para que ele não se candidate às eleições
presidenciais de 2024.
"Sonko parece não se
preocupar com as peripécias da Justiça como dizem os seus advogados, a
incógnita poderá vir da reacção dos seus apoiantes neste cenário de intensa
confusão", afirmou Henri Labery.
Uma primeira detenção em 2021, quando a acusação de violação foi
conhecida, levou a motins no Senegal que fizeram pelo menos 12 mortos. ANG/RFI
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