Unicef/Mais de
1,5 milhões de crianças em risco de vida no Corno de África devido à seca
Bissau, 05 Mai 23(ANG) – Mais de 1,5 milhões de crianças nos países do Corno de África enfrentam risco de vida devido aos efeitos da pior seca dos últimos 40 anos na região, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Depois de cinco estações chuvosas fracas ou que falharam nos últimos três anos no Corno de África, muitas famílias perderam o seu gado, as suas colheitas e todo o seu sustento, colocando em risco a vida de mais de 1,5 milhões de crianças devido à desnutrição aguda grave”, destaca um comunicado da agência da ONU divulgado em Nairobi.
Segundo
a Unicef, “mesmo após as recentes chuvas, o solo ressequido não consegue
absorver toda a água, o que provoca inundações e mais devastação”.
Citada
na nota, a diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell, que se encontrou na
terça-feira, no leste do Quénia, com famílias e refugiados, salientou que
apesar de finalmente ter começado a chover “o caminho para a recuperação é
longo”.
“As
crianças continuam a ter fome, correm o risco de contrair cólera, precisam de
frequentar a escola e muitas não têm perspetivas de regressar a casa. Será
necessário tempo e empenho por parte da comunidade internacional para que estas
comunidades comecem a recuperar”, destacou Catherine Russell, após uma visita a
Garissa, uma zona afetada pela seca, e ao campo de refugiados de Dadaab.
“As
famílias perderam a maior parte do seu gado e as novas colheitas levarão meses
a crescer. Agora enfrentam inundações”, acrescentou.
A
Unicef recorda que a seca no Corno de África foi agravada por anos de conflito
e insegurança, pelos impactos socioeconómicos da pandemia de covid-19 e pelo
aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, em parte devido à guerra
na Ucrânia.
“No
Quénia, na Etiópia e na Somália, mais de 2,5 milhões de pessoas foram
deslocadas devido à seca. À medida que as famílias são levadas à beira do
abismo, as crianças passam fome, faltam à escola, são forçadas ao trabalho
infantil ou ao casamento precoce e adoecem, nomeadamente devido a surtos de
cólera. Com os ciclos de seca seguidos de inundações, a próxima crise devastadora
pode ocorrer antes de as crianças e as suas famílias terem tido a oportunidade
de recuperar”, vinca-se no comunicado.
Para
financiar este ano os projetos de ajuda humanitária na região, a Unicef está a
solicitar 759 milhões de dólares (686 milhões de euros) para “prestar apoio
vital” a 16,6 milhões de pessoas – incluindo 12,2 milhões de crianças – na
Etiópia, Quénia e Somália.
Desse
montante, 137,5 milhões de dólares (124,4 milhões de euros) são necessários
para o Quénia e são necessários mais 690 milhões de dólares (624 milhões de
euros) para apoiar comunidades das zonas afetadas pelas alterações climáticas
em 2023 e 2024. ANG/Inforpress/Lusa
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