Energia/China critica plano japonês de libertar no mar água contaminada por energia nuclear
Bissau, 29 jun 23 (ANG) – O
comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau criticou o
plano japonês de libertar no mar água contaminada por energia nuclear,
classificando-o de irresponsável e de violar o direito internacional.
“É um ato extremamente
irresponsável (…), causará danos sem fim” e “constitui uma violação das suas
obrigações ao abrigo do direito internacional”, afirmou Liu Xianfa, em
comunicado enviado na quarta-feira.
“É preciso salientar que o
oceano não é um caixote do lixo para o Japão e que o Oceano Pacífico não é um
esgoto”, acrescentou, salientando que terá “efeitos transfronteiriços e, de
acordo com a informação disponível, prevê-se que dure até 30 anos”.
O comissário lembrou que,
“de acordo com a Agência Alemã de Investigação Científica Marinha, a costa de
Fukushima tem algumas das correntes mais fortes do mundo e, no prazo de 57 dias
a contar da data da descarga, o material radioativo ter-se-á espalhado pela
maior parte do Oceano Pacífico e, em 10 anos, pelas águas globais”.
Por outro lado, frisou, “os
peritos nucleares da Greenpeace salientam também que o carbono 14 contido nas
águas residuais nucleares japonesas será perigoso durante milhares de anos e
poderá causar danos genéticos”.
Contudo, num relatório
efetuado pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), divulgado a 31
de maio, concluiu-se que a Tokyo Electric Power Company (TEPCO) do Japão, o
operador da central nuclear de Fukushima Daiichi, “demonstrou as suas
capacidades para efetuar medições exatas e precisas dos radionuclídeos
presentes na água tratada armazenada no local”.
A AIEA “divulgou as
conclusões no seu último relatório sobre o trabalho independente de amostragem
e análise no âmbito da revisão em curso para avaliar os aspetos relacionados
com a segurança do plano do Japão para libertar no mar a água tratada da
central nuclear de Fukushima Daiichi”, pode ler-se no ‘site’ da agência.
O Governo japonês afirma que
as águas residuais, atualmente armazenadas em cerca de mil tanques na central,
têm de ser removidas para evitar fugas acidentais e para dar lugar à
desativação da central.
As autoridades garantem que
a água tratada, ainda que ligeiramente radioativa, será diluída para níveis
mais seguros do que os padrões internacionais e será libertada gradualmente no
oceano ao longo de décadas, tornando-se inofensiva para as pessoas e para a
vida marinha.
“A AIEA só pode avaliar as
opções escolhidas pela parte japonesa, mas não outras opções de eliminação para
além da descarga no mar. Por conseguinte, independentemente do relatório final
emitido pela AIEA, este não pode ser (…) um 'passe' para o Japão descarregar no
mar águas contaminadas por materiais nucleares”, defendeu o comissário dos
Negócios estrangeiros da China.
A China e algumas nações
vizinhas do Pacífico também manifestaram preocupações quanto à segurança do
plano.ANG/Lusa
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