Grécia/ Mitsotakis vence eleições
legislativas com maioria absoluta
Bissau, 26 Jun 23 (ANG) - Com os resultados eleitorais de hoje, a
Grécia abre um novo capítulo histórico no seu percurso", declarou
Mitsotakis numa declaração transmitida pela televisão.
Os eleitores "deram-nos um mandato forte para avançarmos mais
rapidamente na direcção das grandes mudanças de que o nosso país precisa. De
uma forma clara e madura, fecharam definitivamente um ciclo traumático de
mentiras e toxicidade que atrasou o país e dividiu a sociedade".
De acordo com as projecções do Ministério da Administração Interna
da Grécia, o partido Nova Democracia terá 158 deputados em um Parlamento com
300 lugares, ao conquistar cerca de 40,5% dos votos. Com este resultado,
Mitsotakis será reconduzido no cargo para um segundo mandato de quatro anos,
garantida por um novo sistema de bónus aprovado em 2020.
Esse sistema atribui entre 20 e 50 lugares adicionais no
Parlamento ao partido vencedor, sendo 20 lugares adicionais obtidos com 25% dos
votos e 50 lugares quando a meta de 40% é alcançada.
Essas eleições de domingo são as segundas na Grécia em pouco mais
de um mês e foram convocadas porque nenhum partido obteve maioria absoluta em
Maio, apesar de o partido Nova Democracia ter sido o mais votado, com 40,79%
dos votos (e 146 deputados), faltando cinco assentos para a maioria.
Na época, a lei eleitoral grega em vigor desde 2016 não concedia
nenhum bónus ao partido vencedor. Confiante nas projecções das sondagens e no
retorno do sistema de bónus nas eleições seguintes às realizadas em maio,
Mitsotakis rejeitou qualquer acordo de coabitação por não confiar nos demais
partidos à direita, o que o levou a convocar novas eleições.
Para este pleito a questão da economia concentrou a preocupação
dos gregos. Estima-se que Mitsotakis tenha conseguido conduzir os destinos da
Grécia de maneira efectiva após diversas décadas de instabilidade económica.
Apesar da crise energética e das consequentes pressões inflacionistas ao longo
do ano, a economia grega registou um crescimento de 5,9% em 2022, um factor que
garantiu um grau de confiança elevada por parte da população.
Durante a sua campanha, Mitsotakis prometeu repetidamente mudar os
sistemas de saúde e de justiça, que estão entre os mais lentos da Europa. Esta
empreitada será facilitada pela consolidação da maioria absoluta, mas deverá
enfrentar alguns dos lóbis mais poderosos do país.
Este resultado também confirmou a tendência de queda do principal
partido de oposição, o Syriza. Liderado por Alexis Tsipras, que foi
primeiro-ministro entre 2015 e 2019. Conquistando apenas 17,8% dos votos, o
partido terminou ainda mais baixo do que os resultados das eleições do mês
passado.
Incapaz de reunir a sua antiga base eleitoral, fragmentada em
diversos partidos, principalmente compostas pelos dissidentes do Syriza, o
partido enfrenta agora a dura tarefa de recuperar os seus eleitores e superar a
contestação acerca da liderança de Tsipras.
Os socialistas do Pasok também registam perdas significativas de
lugares. Conquistando 11,8% dos votos, mas perdendo nove assentos, o partido
continua empenhado em reduzir a distância em relação ao Syriza na disputa pelo
título de principal partido da oposição.
O Partido Comunista da Grécia obteve 7,-9% dos votos, enquanto o
partido MeRA25, liderado pelo ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, não
obteve nenhuma cadeira no parlamento.
O recém-criado partido etno-nacionalista "Espartanos" -
apoiado pelo antigo membro da Aurora Dourada Ilias Kasidiaris, - deverá entrar
pela primeira vez no Parlamento grego com cerca de 4,6%. Kasidiaris chegou a
ser sentenciado a 13 anos de prisão em 2020 quando o partido Aurora Dourada, de
inspiração neonazi, foi banido e considerado uma organização criminosa pela
justiça grega.
Seguem-se os partidos de direita “Solução Grega” com 4,4% e o
partido teocrático ortodoxo grego “Niki”, apoiado por muitas das comunidades
monásticas da Grécia, que ultrapassou o limiar eleitoral pela primeira vez ao
conquistar 3,69%.
No poder desde 2019, Kyriakos Mitsotakis vem de uma família
política há muito estabelecida na Grécia. O antigo consultor financeiro de 55
anos, que trabalhou para a McKinsey, entre outras empresas, é também o herdeiro
de uma verdadeira dinastia política na Grécia. O seu pai foi Primeiro-Ministro
no início dos anos 90, a sua irmã foi Ministra dos Negócios Estrangeiros e o
seu sobrinho é o atual Presidente da Câmara de Atenas. Eleito deputado pela
primeira vez em 2004, tornou-se líder do seu partido, a Nova Democracia, em
2016, numa altura em que a Grécia estava a atravessar um período de
austeridade.
Nomeado primeiro-ministro três anos mais tarde, orgulha-se de ter
relançado a economia grega, graças, nomeadamente, ao desenvolvimento do
turismo. Mas o seu primeiro mandato foi marcado por uma série de escândalos,
incluindo as escutas ilegais de políticos e jornalistas. A oposição também
apontou o dedo à degradação dos serviços públicos e das infra-estruturas do país
e recentemente a inação durante o naufrágio de uma embarcação de migrantes.
No entanto, a oposição não conseguiu afectar as suas credenciais
políticas, nem nas urnas, nem nas sondagens.ANG/RFI
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