Espanha/Justiça europeia retira imunidade a
ex-presidente catalão Carles Puigdemont
Bissau,
05 Jul 23 (ANG) - A justiça Europeia retirou hoje a imunidade
parlamentar ao ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont e
outros dois eurodeputados reclamados por Espanha para serem julgados pela
tentativa de independência da Catalunha em 2017.
A
decisão de retirar a imunidade parlamentar a Carles Puigdemont, Toni Comín e
Clara Ponsatí é do Tribunal Geral da União Europeia e ainda admite recurso para
uma instância superior, o Tribunal de Justiça da União Europeia, o que o
ex-presidente do governo da região autónoma espanhola da Catalunha já disse que
irá fazer.
"Nada
acaba, pelo contrário. Tudo continua. Apresentaremos recurso perante o Tribunal
de Justiça da UE", escreveu Puigdemont na rede social Twitter, pouco
depois de ter sido tornada pública a decisão judicial de hoje.
A
sentença desta quarta-feira do Tribunal Geral da União Europeia (TGUE) confirma
assim a retirada da imunidade aos três eurodeputados pelo Parlamento Europeu,
em março de 2021, a pedido do Supremo Tribunal de Espanha.
Em
maio de 2021, os três eurodeputados independentistas apresentaram um pedido de
medidas provisórias para que a sua imunidade fosse restaurada numa base
preventiva, que o Tribunal Geral da UE aceitou numa primeira decisão a 02 de
junho do mesmo ano, mas posteriormente revogada, em 30 de julho, considerando
que não corriam o risco de serem presos.
Puigdemont,
Comín e Ponsatí recorreram desta última decisão junto do TGUE, que em maio de
2022 voltou a decidir a seu favor, concedendo-lhes imunidade provisoriamente,
até emitir uma sentença definitiva, o que aconteceu hoje.
Carles
Puigdemont vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola e é membro
do Parlamento Europeu desde 2019 pelo partido independentista Juntos pela
Catalunha (JxCat).
Carles
Puigdemont está acusado pela justiça espanhola de peculato (pelo uso de verbas
públicas para organizar um referendo ilegal sobre a independência da Catalunha,
em outubro de 2017), e desobediência.
Até
janeiro deste ano, estava também acusado de sedição, mas uma mudança no Código
Penal espanhol acabou com este crime, um dos que levou outros nove
independentistas à prisão por causa da tentativa de autodeterminação da
Catalunha em 2017, que passou pela realização de um referendo que havia sido
considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional e uma declaração unilateral de
independência no parlamento regional.
O
novo Código Penal espanhol acabou com o crime de sedição (que previa penas de
prisão até 15 anos) e alterou o de peculato (mau uso ou desvio de dinheiro
público), diminuindo as penas para os casos em que as verbas não foram usadas
para enriquecimento pessoal, o que é o caso dos independentistas catalães.
ANG/Lusa
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