Guerra da Ucrânia/Rússia insiste ser “impossível” retomar agora acordo de cereais
Bissau, 25 jul 23 (ANG) – A Rússia defendeu hoje, numa resposta à ONU, ser atualmente “impossível” retomar os acordos que permitiram a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, insistindo que os compromissos com o lado russo não foram cumpridos.
"Infelizmente,
atualmente, é impossível retomar esse acordo, porque não foi cumprido",
disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na habitual conferência de
imprensa diária, feita telefonicamente.
Peskov acrescentou que o
secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a apresentar ao Presidente
russo, Vladimir Putin, "uma espécie de plano de ação e a promessa de que a
parte russa" dos acordos será um dia cumprida.
"O Presidente Putin
disse claramente que a Rússia está pronta para retomar imediatamente o acordo
assim que [os compromissos com o lado russo] forem cumpridos", enfatizou
Peskov.
Segunda-feira, o
secretário-geral da ONU exortou a Rússia a regressar ao acordo sobre a
exportação de cereais pelo Mar Negro, argumentando que o protocolo é
“fundamental para garantir a estabilidade no fornecimento e nos preços”.
“Peço à Federação Russa que
retome a aplicação dos acordos do Mar Negro e exorto a comunidade internacional
a permanecer unida neste esforço para encontrar soluções efetivas”, disse
Guterres, na abertura, em Roma, da Cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas
Alimentares, encontro coorganizado pelo Governo italiano.
A capital italiana, sede de
várias agências da ONU focadas no setor da alimentação (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO, Fundo Internacional de
Desenvolvimento Agrícola – IFAD e Programa Alimentar Mundial -WFP), acolhe esta
semana a reunião para efetuar um balanço dos acordos alcançados há dois anos em
Nova Iorque numa conferência sobre sistemas alimentares.
Na passada quarta-feira,
Putin, assegurou que a Rússia está preparada para regressar ao acordo sobre a
exportação de cereais ucranianos – que suspendeu a 17 de julho ao considerar
que os seus envios de produtos agrícolas e de fertilizantes estão bloqueados
pelas sanções ocidentais – caso as suas exigências sejam concretizadas “na
totalidade”, e sem as quais o prolongamento do pacto “deixa de ter sentido”.
As exigências da Rússia
incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema
bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças
sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de
transportes e dos seguros e o descongelamento de ativos.
As autoridades russas
pretendem ainda a reabertura do oleoduto Togliatti-Odessa, destinado à
exportação de amoníaco, componente decisivo para os fertilizantes russos. Esta
estrutura, fora de serviço desde o início do conflito em curso na Ucrânia, foi
danificada por uma explosão a 05 de junho, ação que Moscovo atribuiu a Kiev.
Assinados no verão de 2022
em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia, os
acordos abrangem os cereais ucranianos e a exportação de fertilizantes e de
produtos alimentares russos.
Segundo dados das Nações
Unidas, desde que o acordo entrou em vigor, perto de 33 milhões de toneladas de
cereais foram escoados a partir dos portos do sul da Ucrânia.
A ofensiva militar russa no
território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a
Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945).ANG/Lusa
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