Haia/Aberta Gabinete de Investigação do Crime de "Agressão"
contra Ucrânia
Bissau, 04 Jul 23 (ANG) - Uma
unidade internacional de investigação ao crime de "agressão" contra a
Ucrânia acaba de abrir nesta segunda-feira em Haia, o que, segundo Kiev, é um
primeiro passo "histórico" para a criação de um tribunal
especial para traduzir os líderes russos perante a justiça.
Esta entidade que vai ter a missão de investigar e recolher
provas, com o objectivo de lançar acções contra os responsáveis civis e
militares russos envolvidos na invasão da Ucrânia, reúne procuradores
de Kiev, da União Europeia, do Tribunal Penal Internacional e dos Estados
Unidos que, apesar de não reconhecerem o TPI, usaram todo o seu peso para a
criação deste gabinete.
No terreno militar, Kiev reivindicou ontem ter retomado o controlo
de 37 km2 no leste e no sul do país no espaço de uma semana de
combates "difíceis",
no âmbito da contra-ofensiva que encetou há um mês. A Ucrânia admitiu, por
outro lado, que as tropas russas têm estado a progredir noutras
frentes no leste.
A poucos dias da cimeira da NATO, nos dias 11 e 12 de Julho, em
que os países da Aliança Atlântica devem decidir o seu grau de envolvimento no
conflito da Ucrânia, a lenta progressão das tropas ucranianas gerou crispações
entre alguns países ocidentais e a Ucrânia.
Questionado na sexta-feira pelo ‘Washington Post’ sobre o
assunto, o comandante do exército ucraniano Valery Zaloujny, não
escondeu a sua irritação. No mesmo sentido, no sábado, o
Presidente Zelensky acusou os seus parceiros de má vontade na
concretização das formações prometidas para os seus aviadores.
Já hoje Rob Bauer, alto responsável da NATO, considerou
que «não é surpreendente» que as tropas ucranianas avancem lentamente. "Uma contra-ofensiva é algo difícil.
Não se pode pensar que se trata de uma operação fácil" referiu
este alto responsável argumentando que "há enormes obstáculos defensivos".
Paralelamente, os serviços de segurança russos referiram
ter impedido um atentado à bomba, preparado segundo eles por Kiev, no intuito
de assassinar Serguei Aksionov, dirigente instalado por Moscovo na
Crimeia anexada.
Também em declarações à imprensa esta segunda-feira, o ministro
russo da Defesa, Sergueï Choïgou garantiu que Kiev "não tinha atingido nenhum dos seus
objectivos em eixo algum" desde o início da sua
contra-ofensiva no começo do passado mês de Junho.
Nesta que foi a sua primeira reacção à rebelião há um pouco mais
de uma semana do grupo paramilitar Wagner, o governante disse que o "motim não afectou as operações das
suas tropas na Ucrânia" e saudou a "lealdade" de
quem fez fracassar a tentativa de desestabilização.
Entretanto, a Rússia tornou hoje a afastar qualquer nova
mobilização de homens nas frentes de combate, depois da retirada dos membros do
grupo paramilitar Wagner. "O
Presidente da Federação Russa (Putin), disse claramente, de modo
compreensível e específico, que não haveria nova mobilização",
declarou Andreï Kartapolov, chefe do Comité de Defesa no seio da
Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
Noutra frente, relativamente ao acordo sobre os cereais ucranianos
que vigora até ao dia 18 de Julho, o Kremlin deu conta do seu "pessimismo" quanto
à recondução deste compromisso, dado que não houve nenhum progresso quanto às
suas exigências, nomeadamente a reintegração do Banco Agrícola Russo no sistema
de pagamento internacional SWIFT.
Segundo o jornal ‘Financial Times’, a União Europeia estaria
a encarar a possibilidade de propor a esse banco a criação de um filial de modo
a ter novamente acesso ao sistema SWIFT. Contudo, nem a UE, nem a Rússia
teceram qualquer comentário sobre esta hipótese.ANG/RFI
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