Política/PR diz estar de “braços abertos” para futuro Governo desde que não se confunda quem é “o chefe”
Bissau, 07 Jul (Inforpress) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, afirmou estar de “braços abertos” para “ajudar” o futuro Governo do país desde que não se confunda quem é “o chefe”.
Em entrevista à Lusa e à RDP-África e quando questionado sobre a convivência com o futuro Governo, que não será dos partidos que apoiaram a sua candidatura a Presidente, Umaro Sissoco Embaló disse que será a primeira vez que o país vai viver aquela experiência.“Até
é uma experiência boa. Por isso é que logo depois de ter recebido os resultados
eleitorais fiz uma comunicação à Nação”, disse o Presidente guineense.
Na
declaração em causa, o chefe de Estado guineense recuou politicamente e disse
estar disposto a nomear primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, líder do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e da
coligação Plataforma Aliança Inclusiva – Terra Ranka, que venceu as
legislativas de 04 de junho com maioria absoluta.
“Agora,
o Presidente da República é Presidente da República, Governo é Governo, há
separação de poderes, mas há um que é responsável perante o outro. Quando isso
não se confunde, há coabitação, mas quando se confunde é um bocado complicado.
O Presidente da República é o chefe, não é porque eu sou o Presidente da
República, mas quem é o chefe é o Presidente da República”, afirmou Umaro
Sissoco Embaló.
O
Presidente guineense defendeu que a Constituição do país é semipresidencialista
de pendor presidencial e “dá muitos poderes ao Presidente da República”,
referindo que não é igual à Constituição portuguesa ou de São Tomé e Príncipe,
por exemplo.
“Se o
primeiro-ministro for inteligente, há uma boa coabitação, porque sabe quem de
facto é que pode meter as ‘minas’, o que não é a minha intenção”, afirmou Umaro
Sissoco Embaló.
O
chefe de Estado disse também que não irá presidir ao Conselho de Ministros
“quando bem entender”, conforme previsto na Constituição, como fazia com o
Governo de iniciativa presidencial.
“Estou
aqui pela Guiné-Bissau, como costumo dizer sempre estou aqui para facilitar e
apoiar, que é a Guiné-Bissau que temos de eleger”, afirmou.
Umaro
Sissoco Embaló disse esperar também que o futuro Governo manifeste que tem
confiança no chefe de Estado.
Questionado
sobre se vai utilizar a sua magistratura de influência para ajudar o atual
Governo na concretização dos seus objetivos, Umaro Sissoco Embaló disse que
depende.
“Os
outros pediam-me, consultavam-me permanentemente. Agora, se estes pensam que
são génios podem fazer, eu deixo o caminho livre. Agora se reconhecem o valor e
o alcance da pessoa, são bem-vindos. Mas se não, fico aqui no meu quintal
observando e fiscalizando, mas estou de braços abertos”, afirmou o Presidente
guineense.
O
chefe de Estado salientou também que a “experiência já mostrou que o Governo
não pode andar de costas voltadas com o Presidente da República, porque ele é
quem decide”, afirmando que há uma “separação de poderes na teoria, mas há um
que depende do outro formalmente”, referindo-se ao poder de exonerar o chefe de
Governo.
“Quando
há diálogo e boa-fé as pessoas podem entender-se. Estou de braços abertos, mas
o grande trabalho é o Governo que tem de fazer. Como sabem eu sou impulsivo e
frontal, mas os interesses da Guiné-Bissau estão acima do Presidente da
República. Se o Governo precisar das minhas influências e apoio tem de pedir.
Não é o Presidente da República que vai oferecer. Não vou pedir nenhuma pasta”,
acrescentou Umaro Sissoco Embaló.
O
chefe de Estado afirmou também que com boa-fé “há cedências e compromissos”,
reiterando que na Guiné-Bissau “não haverá crise nem desordem”.
Os
novos deputados da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau tomam posse em
27 de julho e a composição do novo Governo deverá ser conhecido em agosto. ANG/Infopress/Lusa
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