Angola/Especialistas propõem novo paradigma para desenvolvimento sustentável em África
Bissau, 06
Nov 23 (ANG) - Especialistas africanos do setor da agricultura e segurança
alimentar defenderam uma mudança de paradigma para o desenvolvimento
sustentável, no continente, apesar dos níveis de desenvolvimento registados em
várias áreas.
Esta mudança passa necessariamente por
investir na modernização do sistema agrícola para aumentar a produção e
melhorar a produtividade, agregando valor com bens e serviços, advogaram os
participantes na 19.ª edição da Plataforma de Parceria do Programa Abrangente
de Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP).
O evento decorreu durante quatro dias, na
capital zambiana, em Lusaka, com acesos debates de especialistas em sistemas
agrícolas e segurança alimentar dos Estados-membros da União Africana
(UA).
Segundo o relatório bienal do CAADP, o
crescimento e a transformação agrícola de África está a vacilar, desde
2015, agravado por choques induzidos pelo clima e pela pandemia da Covid-19,
havendo muito trabalho a ser feito para que o continente retome o caminho certo
para cumprir as metas da Declaração de Malabo de 2014.
O documento apresentado recentemente
revela que o continente não está em vias de atingir e cumprir
os objetivos e metas do crescimento acelerado da agricultura em África,
conforme previsto na Declaração de Malabo.
Por seu turno, o African Agricultural
Transformation Scorecard (AATS) também confirma que os números actuais são
inferiores aos de 2019, quando quatro Estados-membros estavam no caminho
certo durante o segundo ciclo de revisão bienal.
Embora os restantes 50 Estados-membros não
estejam no bom caminho, 21 deles são considerados como estando a progredir bem,
tendo obtido a pontuação 5, muito abaixo do valor de referência de 7,28 pontos.
Por isso, propõe-se uma transformação
radical do sector para permitir que o continente se alimente e seja um dos
principais exportadores líquidos de alimentos, refere uma nota de imprensa
transmitida à ANGOP, em Luanda.
A nota acrescenta que os participantes nos
trabalhos da reunião de Lusaka, decorridos de 30 de Outubro a 02 de Novembro
deste ano, acreditam que a construção de sistemas alimentares resilientes e
inclusivos para África é o desafio a ter em conta da atual geração, já
que mais de 250 milhões de africanos passam fome.
Advertem que há uma necessidade urgente de
se acelerar a implementação do programa, com uma estrutura continental de
transformação da agricultura e uma estratégia de crescimento liderada pela
agricultura para atingir “metas ambiciosas” de segurança alimentar e
nutricional, conforme descrito na Declaração de Malabo.
Acreditam também que a rede de
parlamentares é muito útil para impulsionar o CAADP a nível de base e
garantir que os Estados-membros adiram e tenham em
consideração na sua agenda a atribuição de um orçamento adequado ao
sector agrícola que continua em muitos países marginalizado.
Os especialistas
concluíram que se deve envolver com maior participação os agentes
não estatais nos sistemas agroalimentares e da agricultura para garantir uma
segurança alimentar e assegurar riqueza nas comunidades.
Estiveram em discussão questões ligadas às
perspectivas dos parceiros sobre a situação do comércio agroalimentar e da
segurança alimentar e nutricional bem como as grandes prioridades, a
reflexão sobre os últimos 20 anos do CAADP e as prioridades para os dois anos
restantes.
A inovação para aumentar a produtividade e
a agricultura sustentável, o papel da agroecologia na nutrição e na segurança
alimentar e o financiamento do sector agroalimentar e da nutrição por meio do
envolvimento do setor privado estiveram igualmente entre os pontos debatidos.
Os participantes também analisaram o aproveitamento do nexo entre o CAADP e a ZCLCA (Zona de Comércio Livre Continental Africana) para triplicar o comércio intra-africano de bens agrícolas e melhoria da nutrição, fortalecimento das capacidades de instituições e parcerias. ANG/Angop
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