Alemanha/Colaborador de ex-Presidente gambiano condenado à prisão perpétua
Bissau, 04 Dez 23 (ANG) -
Um tribunal alemão da cidade de Celle condenou quinta-feira Bai Lowe, membro do
esquadrão da morte do ex-líder gambiano, Yahya Jammeh, à prisão perpétua pelo
homicídio do jornalista Deyda Hydra e tentativa de homicídio do advogado Ousman
Sillah e do soldado Dawda Nyassi.
Lowe foi julgado por crimes contra a
humanidade, assassinato e tentativa de homicídio, incluindo a morte, em 2004,
do correspondente da AFP Deyda Hydara.
Grupos da sociedade civil gambiana e
internacional prometeram na mesma quinta-feira divulgar um documento de
perguntas e respostas sobre o julgamento.
Trata-se dos grupos Rede Africana contra
Execuções Extrajudiciais e Desaparecimentos Forçados (ANEKED), Centro Europeu
para os Direitos Constitucionais e Humanos (ECCHR), Centro Gambiano para
Vítimas de Violações dos Direitos Humanos, Human Rights Watch, Comissão
Internacional de Juristas, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Associação Rose
Lokissim, Fundação Solo Sandeng e TRIAL International.
Este julgamento foi possível porque a
Alemanha reconhece a jurisdição universal sobre certos crimes graves ao abrigo
do Direito Internacional, permitindo a investigação e a acusação destes crimes,
independentemente do local onde foram cometidos e independentemente da
nacionalidade dos suspeitos ou vítimas.
Bai Lowe foi um alegado membro dos
‘Junglers’, uma unidade paramilitar também conhecida como “Equipa da Patrulha”,
criada pelo então Presidente, Yahya Jammeh, em meados da década de 1990.
Os 22 anos de governação de Jammeh foram
marcados por uma opressão sistemática e violações generalizadas dos direitos
humanos, incluindo tortura, execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados
e violência sexual contra opositores reais e supostos.
Os procuradores alemães acusaram Bai Lowe
de ser motorista dos Junglers envolvido na tentativa de assassinato de
Sillah (advogado), no assassinato de Hydara (jornalista) e na tentativa de
homicídio de Ida Jagne e Nian Sarang Jobe, que trabalhavam para o jornal
independente Hydara; e o assassinato de um ex-soldado gambiano, Dawda Nyassi.
A condenação de Bai Lowe representa um
passo importante na procura da justiça para anos de abusos cometidos durante o
governo de Jammeh na Gâmbia, afirmaram os grupos.
Os grupos da sociedade civil entendem
igualmente que julgamento de Bai Lowe reforça o papel que governos como a
Alemanha podem desempenhar na promoção da justiça para as atrocidades cometidas
no estrangeiro sob o princípio da jurisdição universal. ANG/Angop
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