Israel/Esforços
de socorro em Gaza estão perto do colapso e é urgente um cessar-fogo – OIM
Bissau,
08 Dez 23 (ANG) – A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou quinta-feira
que os esforços humanitários em Gaza estão prestes a entrar em colapso devido
aos intensos combates e à impossibilidade de aceder ao enclave.
Num
comunicado, a OIM secunda o apelo do secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres, para um cessar-fogo humanitário “imediato e duradouro” que
permita que a ajuda essencial chegue às pessoas com necessidades urgentes na
Faixa de Gaza.
O
grave risco de colapso do sistema humanitário em Gaza levou Guterres a invocar
o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, num gesto inédito para instar o
Conselho de Segurança da ONU a ajudar a evitar uma catástrofe humanitária e a
apelar à declaração de um cessar-fogo humanitário.
“A
escala das deslocações em Gaza é enorme; as condições humanitárias são
profundamente alarmantes e estão à beira do colapso. É necessário um
cessar-fogo imediato para fornecer alimentos adequados, água e outros bens
essenciais para salvar vidas e aliviar o enorme sofrimento dos civis”, afirmou
Amy Pope, diretora-geral da OIM.
No
comunicado, a OIM afirma estar “seriamente preocupada” com a deslocação em
massa de civis em Gaza e “alarmada” com os relatos de novas evacuações para
áreas já sobrelotadas.
“A
OIM apela a todas as partes para que respeitem as leis internacionais
humanitárias e de direitos humanos e tomem todas as precauções possíveis para
evitar danos a civis e salvaguardar as infraestruturas civis”, defende a
organização.
Nesse
sentido, a OIM exige que a população de Gaza deve ter “acesso imediato” a
abrigos seguros, cuidados médicos, alimentos, instalações de higiene e
saneamento, defendendo ainda que deve ser garantido que os membros da família
não sejam separados, bem como a proteção dos civis e trabalhadores da ajuda
humanitária.
A
OIM, em conjunto com outras agências da ONU, apela à proteção dos civis, “tanto
palestinianos como israelitas”, contra danos maiores, à libertação dos reféns
detidos em Gaza e à cessação imediata dos ataques indiscriminados por todas as
partes.
Estima-se
que 1,9 milhões de pessoas estejam deslocadas em Gaza (cerca de 85% da
população), que não têm acesso às necessidades básicas, “como alimentos, água,
abrigo digno e instalações sanitárias, bem como cuidados médicos”.
Quarta-feira,
Guterres alertou para uma “rutura total da lei e da ordem em breve” em Gaza,
sob bombardeamento de Israel, numa carta sem precedentes ao Conselho de
Segurança, criticada pelos diplomatas israelitas.
“Com
o bombardeamento constante das forças armadas israelitas, e na ausência de
abrigo ou do mínimo para sobreviver, espero um colapso total da lei e da ordem
em breve devido às condições desesperadas, o que tornaria impossível até mesmo
uma ajuda humanitária limitada”, escreveu.
António
Guterres invocou pela primeira vez desde que lidera a ONU o artigo 99.º da Carta,
que permite ao secretário-geral “chamar a atenção do Conselho” para uma questão
que “possa pôr em perigo a manutenção da paz e da segurança internacionais”.
“Poderá
surgir uma situação ainda mais grave, incluindo epidemias e uma maior pressão
para deslocações em massa para os países vizinhos”, alertou.
O
chefe da diplomacia israelita, Eli Cohen, criticou a carta de Guterres,
afirmando que o pedido de ativação do artigo 99.º e o apelo a um cessar-fogo em
Gaza “constituem um apoio à organização terrorista Hamas”.
O
chefe da ONU representa um “perigo para a paz mundial”, afirmou Cohen nas redes
sociais. ANG/Inforpress/Lusa
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