Portugal/Governo responde às acusações de Domingos Simões Pereira
Bissau, 07 Dez 23 (ANG) - O governo português repudiou, quarta-feira, em comunicado, as declarações do presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, que acusou Portugal de se deixar usar pelo chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló.
O executivo português diz
estar a seguir “com atenção os mais recentes acontecimentos na Guiné-Bissau”.
Na terça-feira, em entrevista telefónica à
agência de notícias Lusa, Domingos Simões Pereira afirmou: “Volta e meia, por tuta e meia, o
Presidente [Sissoco Embaló] evoca conversas com [o Presidente da
República de Portugal] Marcelo
Rebelo de Sousa, com o primeiro-ministro António Costa e com outras autoridades [portuguesas]. E fá-lo com o intuito de evocar algum
paralelismo com aquilo que acontece em Portugal e que, portanto, se é normal em
Portugal, é normal na Guiné-Bissau (…) Quando as autoridades portuguesas ouvem
essa menção e não fazem questão de denunciar e de se distanciar dessa
realidade, tornam-se cúmplices daquilo que está a acontecer neste momento.”
Em resposta, em comunicado do Ministério
dos Negócios Estrangeiros, o executivo português repudiou as acusações: “O Governo português repudia as
declarações do Presidente da Assembleia Nacional Popular da República da
Guiné-Bissau quanto à posição de Portugal sobre a atual crise política no país.”
“De
forma consistente, e respeitando a plena soberania daquele país, Portugal tem
cooperado com todas as instituições e autoridades guineenses - bilateralmente,
mas também no quadro das Nações Unidas, da União Europeia e da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa - para a consolidação da estabilidade, democracia e
Estado de Direito, bem como a promoção do desenvolvimento na Guiné-Bissau”,
acrescenta a nota à comunicação social.
O documento acrescenta, ainda, que Portugal
está a seguir “com atenção
os mais recentes acontecimentos na Guiné-Bissau”.
“No
que diz respeito à crise política, Portugal tem seguido com atenção os mais
recentes acontecimentos na Guiné-Bissau e espera que as instituições guineenses
encontrem, no respeito pela ordem constitucional, as necessárias soluções para
ultrapassar o atual momento que se vive no país”, conclui a nota.
Na terça-feira, na entrevista à Lusa,
Domingos Simões Pereira disse que Umaro Sissoco Embaló invocou uma suposta
conversa com Marcelo Rebelo de Sousa a propósito da sua decisão de dissolver o
parlamento guineense, a pretexto de uma alegada tentativa de golpe de Estado. O
presidente do parlamento guineense e do PAIGC disse não poder admitir que “Portugal em vez de contribuir para o
reforço da estabilidade, para a construção de instituições democráticas, deixe-se
usar para este tipo de menções”.
Segundo a Lusa, o Presidente português,
Marcelo Rebelo de Sousa, respondeu à agência de notícias, afirmando que não
esteve nem falou com o Presidente guineense desde que esteve em Bissau, a meio
de Novembro. Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Bissau entre 15 e 16 de
Novembro, juntamente com o primeiro-ministro português, António Costa, a
participar na comemoração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau vive uma nova crise política
desde a detenção, em 30 de Novembro, do ministro da Economia e Finanças,
Suleimane Seidi, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, ambos
dirigentes do PAIGC, no âmbito de um processo relacionado com pagamentos a
empresários.
Os acontecimentos precipitaram-se com
efetivos da Guarda Nacional a irem buscar os dois governantes às celas da
Polícia Judiciária, a que se seguiram confrontos entre esta força militarizada
e efetivos do batalhão do Palácio Presidencial.
Na segunda-feira, após uma reunião do Conselho
de Estado, o Presidente Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento, algo
qualificado como “um golpe
de Estado constitucional” por Domingos Simões Pereira, tendo em
conta que nos termos da Constituição guineense a Assembleia Nacional Popular
não pode ser dissolvida nos 12 meses posteriores à sua eleição.
Entretanto, em entrevista à France 24, o
Presidente guineense acusou Simões Pereira de estar “por trás” da alegada
tentativa de golpe de Estado. ANG/RFI
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