China /
Autoridades enviam microrganismo para o espaço para estudar possibilidade de
vida em Marte
Bissau,
18 Jan 24(ANG) – A China enviou hoje para o espaço um microrganismo terrestre
primitivo para estudar a sua capacidade de sobrevivência em condições
semelhantes às de Marte e ajudar a resolver o mistério da possível existência
de vida extraterrestre.
O
microrganismo, que pertence ao grupo das arqueobactérias e se encontra em
ambientes pobres em oxigénio, como os fundos marinhos, os arrozais e os
estômagos dos ruminantes, foi transportado nas últimas horas pela nave de carga
Tianzhou-7 para a estação espacial chinesa, onde vai ser submetido a uma
experiência que o exporá a radiações cósmicas, microgravidade e temperaturas
extremas.
O
professor Liu Zhu, do Departamento de Ciências do Sistema Terrestre da
Universidade de Tsinghua, explicou que a experiência tem como objetivo testar
se este microrganismo, uma das formas de vida mais antigas da Terra e grande
produtor de metano na atmosfera, pode viver num ambiente semelhante ao de
Marte, noticiou hoje a televisão estatal CCTV.
De
acordo com o especialista, esta experiência pode fornecer uma nova perspectiva
para explorar a possível existência de vida noutros planetas, especialmente em
Marte, onde a sonda norte-americana Curiosity detectou várias vezes sinais de
metano de origem desconhecida.
Os
cientistas especularam que este metano poderia ser o resultado do metabolismo
de algum tipo de organismo extraterrestre, e que a arqueobactéria produtora de
metano poderia ser uma das potenciais formas de vida em Marte ou na lua Titã de
Saturno.
No
entanto, as técnicas atuais não permitem a detecção de sinais de vida extraterrestre
em Marte ou noutros planetas, devido ao seu elevado custo e baixa precisão.
Liu
propôs uma experiência de verificação inversa, ou seja, enviar o microrganismo
para o espaço e testar se consegue adaptar-se e produzir metano.
“Se
conseguir sobreviver e crescer num tal ambiente, então poderá provar que a vida
primitiva na Terra pode existir e prosperar num ambiente extraterrestre. Isto
também nos daria uma grande pista de que o metano encontrado em Marte poderia
ter uma origem biológica e que essa vida poderia ser homóloga à vida na Terra”,
disse.
A
estação espacial de Tiangong, que vai funcionar durante cerca de dez anos,
tornar-se-á provavelmente a única estação espacial do mundo a partir de 2024,
se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados
Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do seu
programa espacial, for retirada, como previsto, este ano.
A
China investiu fortemente no seu programa espacial e alcançou êxitos como a
aterragem da sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua – a primeira vez que
tal foi conseguido – e a colocação de uma sonda em Marte, tornando-se o
terceiro país a fazê-lo, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética.
ANG/Inforpress/Lusa
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