França/União Europeia ativa mecanismo de proteção civil para “fornecimento estável” de ajuda a Gaza
Bissau, 12 Mar 24(ANG) – A União Europeia
(UE) ativou o mecanismo de proteção civil para garantir um “fornecimento
estável e significativo” de apoio humanitário à Faixa de Gaza, dados os ataques
de Israel, anunciou a presidente da Comissão Europeia.
Intervindo na sessão plenária do Parlamento
Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, enquanto um navio que saiu do
Chipre vai a caminho do norte de Gaza com 200 toneladas de ajuda, a líder do
executivo comunitário anunciou a ativação do “mecanismo de proteção civil da UE
para reforçar o apoio” europeu.
“Vários países, incluindo alguns dos nossos
Estados-membros, começaram a lançar por via aérea ajuda humanitária da Jordânia
para Gaza […] e encorajo todos os Estados-membros a contribuírem com os seus
ativos, para permitir um fornecimento estável e significativo de ajuda a Gaza”,
apelou Ursula von der Leyen.
Relatando que “a situação no terreno é mais
dramática do que nunca e atingiu um ponto de viragem”, a presidente da Comissão
Europeia vincou que “isto não pode acontecer”, pedindo que a UE “utilize “todas
as vias para chegar às pessoas necessitadas”, nomeadamente através do corredor
marítimo agora criado e de apoio logístico para coordenar o fluxo de
mercadorias.
Sobre o navio que hoje zarpou de Chipre
para o norte de Gaza, Ursula von der Leyen observou que “esta é a primeira vez
que um navio é autorizado a entregar ajuda a Gaza desde 2005”, sendo “mais uma
tábua de salvação para a população”.
“Quando estiver plenamente operacional,
este corredor marítimo poderá garantir um fluxo sustentado, regulado e robusto
de ajuda a Gaza”, adiantou Ursula von der Leyen.
Após ter sido criticada por suspensão de
fundos à Palestina, a responsável disse hoje que, este ano, a Comissão Europeia
já afetou 250 milhões de euros à ajuda aos palestinianos, mas exortou que “a
ajuda chegue aos civis que dela necessitam”.
“É claro que Israel tem o direito de se
defender e de lutar contra o Hamas, mas a proteção dos civis tem de ser
assegurada a todo o momento, em conformidade com o direito internacional, e,
neste momento, só há uma maneira de restabelecer um fluxo adequado de ajuda
humanitária: a população de Gaza precisa de uma pausa humanitária imediata que
conduza a um cessar-fogo sustentável e isso tem de acontecer já”, defendeu
ainda.
Já aludindo ao “risco real” de uma nova
escalada de tensões no conflito, Ursula von der Leyen assinalou que “a situação
na fronteira de Israel com o Líbano continua a ser explosiva”, garantindo que a
UE está “preparada para responder com sanções adicionais, no caso de o Irão
fornecer mísseis balísticos à Rússia, como foi recentemente noticiado”.
Um navio com 200 toneladas de ajuda
humanitária partiu hoje do porto cipriota de Larnaca, sendo este carregamento
um teste para a abertura de um corredor marítimo para fornecer ajuda
humanitária à Faixa de Gaza, onde a fome se espalha cinco meses após o início
da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.
As organizações dizem que é quase
impossível entregar ajuda em grande parte do território devido às restrições
israelitas, às hostilidades em curso e ao colapso da lei e da ordem, depois de
a força policial dirigida pelo Hamas ter desaparecido em grande parte das ruas.
Não está ainda claro quão eficazes serão as
entregas marítimas na resposta à catástrofe humanitária, uma vez que ainda
haverá dificuldades na entrega da ajuda quando esta estiver dentro de Gaza.
A guerra já matou mais de 30 mil
palestinianos e expulsou cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza das
suas casas.
A ofensiva militar de Israel na Faixa de
Gaza provocou mais de 31.100 mortos em cinco meses, segundo as autoridades do
governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
Israel declarou guerra ao Hamas depois de
ter sofrido um ataque sem precedentes em 07 de outubro, que causou cerca de
1.200 mortos e duas centenas de reféns, de acordo com as autoridades
israelitas.
ANG/Inforpress/Lusa
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