Haiti/ Gangue ameaça avançar para uma guerra civil e genocídio
Bissau, 07 Mar 24(ANG) - O
líder de um grupo armado ameaça com uma guerra civil sangrenta e genocídio, no
Haiti ,se o Primeiro-ministro Ariel Henry permanecer no poder.
Ariel Henry está bloqueado em
Porto Rico e tenta sem sucesso regressar ao país.
Há meses que gangues matam,
roubam, violam, raptam e controlam a maior parte de Port-au-Prince. Na capital,
os habitantes enfrentam a penúria generalizada.
Desde a semana passada, os gangues têm
realizado ataques coordenados no Haiti, libertaram prisioneiros dos dois
maiores estabelecimentos prisionais do país e continuam a tentar controlar o
aeroporto de Port-au-Prince.
Esta terça-feira, 05 de Março, em
conferência, o líder de um gangue
Jimmy Cherizier, também conhecido como Barbecue, ameaçou o país
com uma guerra civil.
Se Ariel Henry não se retirar, o país
enfrentará um genocídio.
Se Ariel Henry não se retirar e se a
comunidade internacional continuar a apoiar Ariel Henry, levar-nos-á
diretamente a uma guerra civil que terminará em genocídio.
Entretanto, Ariel Henry continua a tentar
regressar ao país, mas sem sucesso. O Primeiro-ministro haitiano estava em
Nairobi para assinar um acordo que permitia o envio de uma força multinacional
para o Haiti. Entretanto, o avião privado do Primeiro-ministro chegou a Porto
Rico, onde se encontra bloqueado.
Esta quarta-feira, o Conselho de Segurança
da ONU realiza uma reunião de emergência sobre a nova escalada de violência no
Haiti.
Desde o ataque de gangues a duas prisões no fim-de-semana e a fuga de
milhares de detidos, que os tiros se multiplicam na capital. Os habitantes não
saem de casa com medo de serem atingidos por balas perdidas.
As farmácias foram vandalizadas,
comerciantes recusam abrir as lojas e não há reposição de stocks. A principal
empresa de água potável, Culligan, avisou, desde segunda-feira, 4 de Março, aos
haitianos nas redes sociais que as entregas de garrafões de água estão
suspensas.
Mesmo que o Haiti já tenha enfrentado outros picos de crises de
segurança, o embaixador de França no Haiti, Fabrice Mauriès, acredita que
um novo patamar foi atingido e que o envio de uma força multinacional é a única
alternativa. Uma força liderada pelo Quénia e apoiada financeiramente, entre
outros, por Paris, que forneceria apoio à PNH, a polícia nacional haitiana.
Não é surpreendente que a Polícia Nacional Haitiana (PNH) enfrente
dificuldades. Precisamos dessa força. Não para fazer o trabalho da PNH, no
lugar da PNH.
A PNH está atualmente a lutar contra os gangues e com muita coragem. Mas
precisamos absolutamente da missão porque a PNH sozinha não será capaz de reverter
a situação.
A PNH é um reflexo do Estado haitiano, uma instituição fraca,
subdimensionada, uma instituição que perdeu homens nos últimos anos e uma
instituição cujo treinamento não foi destinado a lutar contra guerrilheiros.
Há uma urgência em agir.
Não se trata de,
mais uma vez, vir em auxílio de tal ou tal personalidade ou de tal ou tal
Governo, mas sim, vir em auxílio de uma população que está exausta e esgotada.
A organização Médicos Sem Fronteiras avisou igualmente esta
quarta-feira, 06 de Março, que o hospital da capital está no limite da
capacidade por causa do agravamento da violência provocada pelos grupos
armados.
Em 2023, a MSF tratou mais de quatro mil vítimas de violência sexual e
estima que com actual instabilidade no país os números podem aumentar
"muito mais". ANG/RFI
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