ONU/Guterres nega ter tentado silenciar relatório sobre violações atribuídas ao Hamas
Bissau, 05 Mar 24(ANG) - O gabinete do secretário-geral da ONU recusou hoje que António Guterres tenha tentado silenciar um relatório sobre as acusações de violência sexual durante os ataques do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel.
O trabalho da
representante especial da ONU para a violência sexual em conflitos, Pramila
Patten, cujo relatório foi publicado hoje, "foi realizado de forma
meticulosa e diligente”, disse o porta-voz de António Guterres à AFP.
“Em nenhuma
circunstância o secretário-geral fez algo para ocultar este relatório",
afirmou à France-Presse (AFP) Stéphane Dujarric, respondendo às acusações do
ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, que hoje chamou o embaixador
israelita junto das Nações Unidas para consultas.
“Ordenei ao
nosso embaixador na ONU, Gilad Erdan, que regressasse a Israel para consultas
imediatas, na sequência da tentativa de silenciar o grave relatório da ONU
sobre as violações em massa cometidas pelo Hamas e pelos seus aliados em 07 de
outubro”, anunciou o ministro israelita, Israel Katz, numa mensagem publicada
na rede social X.
O chefe da
diplomacia israelita criticou o secretário-geral das Nações Unidas, António
Guterres, por não ter convocado o Conselho de Segurança, “face a estas
conclusões”, com o objetivo de declarar o movimento islamita palestiniano “uma
organização terrorista” e “impor sanções aos seus apoiantes”.
As
autoridades israelitas têm pedido repetidamente a demissão de Guterres, depois
de este ter afirmado que os ataques do Hamas "não não aconteceram no
vácuo", salientando que o povo palestiniano "é sujeito a uma ocupação
sufocante há 56 anos”.
O relatório
da enviada especial da ONU afirma que há “motivos razoáveis" para
acreditar que o movimento islamita Hamas cometeu violações, "tortura
sexualizada" e outros tratamentos cruéis e desumanos contra mulheres nos
ataques de 07 de outubro.
Há também
"motivos razoáveis para acreditar que essa violência ainda pode estar em
curso", segundo Pramila Patten, que visitou Israel e a Cisjordânia de 29
de janeiro a 14 de fevereiro com uma equipa de nove elementos.
No relatório,
conhecido hoje, a equipa afirma ter encontrado " informações claras e
convincentes" de que alguns reféns foram sujeitos às mesmas formas de
violência sexual relacionadas com conflito, incluindo violações e "tortura
sexualizada".
Cerca de 250
pessoas foram raptadas e levadas para Gaza durante o ataque sem precedentes do
Hamas contra Israel, a 07 de outubro, que causou a morte de 1.160 pessoas, na
sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais
israelitas.
De acordo com
as autoridades israelitas, 130 reféns ainda se encontram em Gaza, 31 dos quais
terão morrido. Cerca de uma centena de pessoas foram libertadas, bem como 240
prisioneiros palestinianos detidos por Israel, durante uma trégua em novembro. ANG/Inforpress/Lusa
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