Espanha/Desmantelado esquema de branqueamento de capitais com obras na Guiné Equatorial
Bissau, 23 Mai 24 (ANG) - A Agência
Tributária espanhola, a Polícia Judiciária portuguesa e a Europol desmantelaram
um esquema que terá branqueado, a partir de Maiorca, mais de dez milhões de
euros provenientes de obras públicas na Guiné Equatorial.
De
acordo com um comunicado de imprensa divulgado hoje pela Agência Tributária espanhola,
oito pessoas foram acusadas de branqueamento de capitais e fraude fiscal, tendo
duas delas sido detidas, incluindo um cidadão holandês, que é considerado o
organizador.
Além
disso, foram apreendidos 11 imóveis avaliados em cinco milhões de euros, bem
como contas bancárias, veículos, relógios e outros bens avaliados em mais de
550.000 euros.
A
operação “run out” teve origem em 2021 com uma investigação em Portugal
relacionada com a atividade na Guiné Equatorial de uma empresa portuguesa de
construção civil e o possível desvio de “subornos” para o património pessoal
dos investigados.
A
vigilância aduaneira levou a cabo a sua investigação sobre o alegado
organizador do esquema, encontrando “graves indícios” de ocultação de fundos de
origem criminosa em propriedades em Espanha através da utilização de empresas e
instrumentos de fachada.
A
busca à casa do cidadão holandês em 2022 permitiu o acesso a 13.000 documentos
em papel e 43 dispositivos eletrónicos, tendo sido congeladas nove contas
bancárias (com um saldo de 200.000 euros), e apreendidos três veículos
(avaliados em mais de 100.000 euros), 15 relógios de alta gama (avaliados em
150.000 euros) e a propriedade dos direitos de utilização vitalícia de um clube
de golfe (avaliados em 100.000 euros).
Foi
também proibida a venda de 11 imóveis apreendidos em Maiorca e de várias
empresas.
Com
esta documentação, foi possível encontrar provas “de uma conspiração criminosa”
através de faturas emitidas por empresas-fantasma, contratos falsos e provas do
desvio de “subornos” de 10% do valor de obras públicas na Guiné Equatorial, bem
como do seu posterior branqueamento através de uma rede empresarial, um ativo
que era controlado pelo organizador da conspiração.
O
esquema tinha criado uma complexa estrutura empresarial internacional para
canalizar estas comissões ilegais - com empresas em Cabo Verde, Liechtenstein,
Chipre e Belize - que transferiam os fundos para investimentos controlados pelo
organizador.
A
estrutura era liderada por um parceiro no Liechtenstein, do qual dependia um
outro parceiro controlado pelo cidadão holandês.
Uma
parte importante dos fundos desviados tinha sido escondida em investimentos num
promotor imobiliário em Palma de Maiorca e outra parte tinha sido investida nos
Países Baixos através de empresas de fachada para esconder investimentos numa
conhecida marca de produtos cosméticos, no valor de mais de sete milhões de
euros, entre outros negócios. ANG/Lusa
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