sexta-feira, 21 de junho de 2024

França/Estudo alerta para calor intenso que pode causar colapso e até morte de atletas durante Olimpíadas

Bissau, 21 Jun 24 (ANG) - Um novo relatório redigido por climatologistas e atletas alertou para os perigos das altas temperaturas durante os Jogos Olímpicos de Paris, que acontecem de 26 de julho a 11 de agosto, durante o verão no hemisfério norte.

De acordo com o documento, divulgado na terça-feira (18), o calor intenso poderia causar o desmaio de alguns atletas. 

Nos últimos anos, Paris vem sendo atingida por ondas de calor que causaram, apenas em 2023, a morte de mais de 5 mil pessoas, de acordo com a Saúde Pública da França.    

“O calor intenso durante os Jogos Olímpicos de Paris, em julho e agosto de 2024, pode levar ao colapso de alguns atletas, ou mesmo à sua morte”, alerta o relatório Rings of Fire, coescrito pela ONG Climate Central, acadêmicos britânicos da universidade de Portsmouth e 11 atletas olímpicos. 

Um estudo publicado em maio na revista Lancet Planet Health apontou que Paris tinha a maior taxa de mortalidade por calor entre 854 cidades europeias, devido à sua densa população e poucos espaços verdes. 

O relatório apela aos organizadores de grandes competições, como os Jogos Olímpicos ou o Campeonato do Mundo da FIFA, que normalmente decorrem no auge do verão no hemisfério norte, a repensarem o seu calendário. 

O estudo também incentiva os comitês organizadores a melhorar os planos de reidratação e resfriamento de atletas e torcedores, para evitar o risco de insolação. 

Mais do que as altas temperaturas, são as chuvas incessantes que preocupam atualmente os organizadores, com pancadas regulares em maio e junho que levaram à formação de fortes correntes no rio Sena e à má qualidade da água do local que irá receber a maratona aquática e a natação do triatlo. 

Os organizadores de Paris 2024 dizem que incorporaram alguma flexibilidade em seu programa para que possam mudar eventos, como a maratona ou o triatlo, para evitar picos de calor no meio do dia. A maioria dos espectadores, no entanto, ficarão em arquibancadas temporárias que não estarão à sombra.A vila Olímpica por sua vez, foi construída sem a instalação de ar-condicionado, a fim de reduzir a sua pegada de carbono. 

Um número crescente de atletas tem apelado a uma adaptação dos seus programas a fim de antecipar constrangimentos físicos ligados ao aumento das temperaturas, causado pelo aquecimento global, segundo o estudo. “As perturbações do sono relacionadas com o calor foram citadas na preparação para os Jogos de 2024 como uma grande preocupação para os atletas, particularmente devido à falta de climatização na Vila Olímpica, afirma o relatório. 

As equipes olímpicas terão a opção de instalar aparelhos de ar-condicionado portáteis em suas acomodações, o que muitos já aceitaram.


A triatleta indiana Pragnya Mohan deixou seu país de origem para escapar das altas temperaturas. “Com as alterações climáticas, o calor aumentou significativamente”, disse Mohan a jornalistas. “Não posso treinar no meu país. Essa é uma das razões pelas quais me mudei para o Reino Unido”, revelou. 

Durante os Jogos de Tóquio, considerados os mais quentes já ocorridos, as temperaturas ultrapassaram regularmente os 30°, com umidade de 80%. Os organizadores transferiram algumas provas, como as duas maratonas, para outro local a 800 quilômetros ao norte da capital japonesa, na esperança de encontrar um clima mais fresco. 

Apesar de uma série de medidas contra o calor, incluindo estações de nebulização, muitos atletas sofreram, como o tenista russo Daniil Medvedev, que se perguntou em voz alta na quadra se iria morrer. 

Depois de Tóquio, o presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo, Sebastian Coe, que escreveu o prefácio do relatório, alertou que competir em “condições climáticas muito adversas” era o “novo normal”. 

ANG/RFI/AFP

Sem comentários:

Enviar um comentário