Bangladesh/ Meia centena de mortos nos protestos estudantis
Bissau, 19 jul 24 (ANG) - Cerca de 50 pessoas morreram no Bangladesh, nos últimos dias, nos confrontos entre forças policiais e estudantes. Esta semana as manifestações estudantis intensificaram-se. Os jovens protestam contra o sistema de quotas que atribui os cargos na função pública.
Até esta sexta-feira, 50 pessoas morreram nas manifestações estudantis
contra o sistema de quotas no Bangladesh. Os estudantes exigem que o Governo de
Sheikh Hasina acabe com o sistema de quotas que atribui os cargos na função
pública e que reserva mais de metade dos postos de funcionários bem remunerados
a determinadas categorias da população.
Um dos aspectos mais controversos é que 30% dos cargos são reservados aos
filhos dos combatentes que lutaram na Guerra de Independência de Bangladesh
contra o Paquistão em 1971. O sistema foi implementado em 1972 pelo líder da
independência Sheikh Mujibur Rahman, pai da actual primeira-ministra Sheikh
Hasina que, em 2018, depois de manifestações estudantis, retirou as quotas aos
familiares de antigos combatentes. Porém, no mês passado, Supremo Tribunal
considerou as mudanças ilegais e ordenou ao governo para restabelecer essas
quotas.
Os manifestantes defendem que apenas se deveriam manter quotas destinadas
às minorias étnicas e às pessoas com deficiências e o resto - ou seja 94% dos
cargos restantes - deveria ser aberto a candidaturas de todos e com base no
mérito de cada um. Isto num país onde a população ronda os 170 milhões de
pessoas e em que o desemprego jovem afecta cerca de 32 milhões.
Os protestos começaram a 1 de Julho e não pararam. Esta semana, as
manifestações intensificaram-se e até esta sexta-feira há registo de 50 mortos
e centenas de feridos. Na segunda-feira, houve confrontos violentos em duas
universidades de Dacca, com mais de 400 feridos. Na terça-feira, o Governo
ordenou o encerramento das escolas e universidades. Também na noite de
terça para quarta-feira, a polícia investiu a sede da principal força de
oposição do país, o Partido Nacionalista do Bangladesh, e deteve sete membros
do ramo estudantil do partido.
Esta quinta-feira foi o dia mais violento com 45 mortos e 700 feridos e a
polícia disse que os manifestantes incendiaram edifícios governamentais, como a
sede do principal canal público de televisão. O Governo ordenou, entretanto, o
encerramento da rede de internet móvel em todo o país. De acordo com os
hospitais, os tiros da polícia estão na origem da morte de, pelo menos, dois
terços das pessoas. Esta sexta-feira, a polícia também anunciou a detenção de
um dos dirigentes do Partido Nacionalista do Bangladesh.
Os manifestantes prometem continuar as manifestações apesar da repressão.
As ONGs de defesa dos direitos humanos e as Nações Unidas pediram ao Governo
para não recorrer à violência.
ANG/RFI
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