Bangladesh/Pelo menos 173 mortos e mais de 1.100 detidos na sequência de protestos
Bissau, 23 jul 24 (ANG) -
Pelo menos 173 pessoas morreram e mais de 1.100 foram detidas no Bangladesh,
nos últimos dias, na sequência dos protestos contra as quotas para o
recrutamento de funcionários públicos, noticiou hoje a agência France-Presse.
O movimento estudantil na origem das manifestações suspendeu os protestos na segunda-feira por 48 horas, com o líder a declarar que não quer reformas “à custa de tanto derramamento de sangue”.
As autoridades impuseram o
recolher obrigatório e os soldados estão a patrulhar as cidades do país do sul
da Ásia, o oitavo mais populoso do mundo, de acordo com a France-Presse (AFP).
O exército anunciou que a
ordem tinha sido restabelecida na segunda-feira à noite.
Pelo menos 200 pessoas foram
detidas nas regiões de Narayanganj e Narsingdi, no centro do país, disseram à
AFP chefes da polícia local.
Além disso, pelo menos 80
pessoas encontram-se detidas em Bogra, 75 na cidade de Rangpur (ambas no norte
do país), 168 na cidade industrial de Gazipur, perto da capital, e 60 em
Barisal (sul), acrescentaram responsáveis da polícia.
Estes números vêm juntar-se
a um total de 532 detenções em Daca, anunciadas já na segunda-feira.
Uma forte presença militar
era visível esta manhã na capital, acrescentou a AFP.
As manifestações quase
diárias, convocadas no início de julho principalmente por estudantes,
destinam-se a obter o fim das quotas de admissão na função pública, com os
manifestantes a acusarem que favorecem as elites próximas do poder.
Os protestos subiram de tom
nos últimos dias e representam o maior desafio para a primeira-ministra, Sheikh
Hasina, desde que conquistou o quarto mandato consecutivo, em janeiro, num ato
eleitoral boicotado pelos principais grupos de oposição.
Entretanto, a organização
não-governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW)
lançou um apelo à comunidade internacional para pedir às autoridades do país
"para que ponham termo ao uso excessivo da força contra os manifestantes e
responsabilizem as tropas pelas violações dos direitos humanos".
“O Bangladesh tem sido
perturbado há muito tempo devido a abusos ilimitados das forças de segurança
contra qualquer pessoa que se oponha ao Governo de Sheikh Hasina, e estamos a
testemunhar o mesmo manual novamente, desta vez para atacar manifestantes
estudantis desarmados”, disse o vice-diretor da HRW para a Ásia, em comunicado.
“Chegou o momento de
governos influentes pressionarem Sheikh Hasina para que as suas forças parem de
brutalizar estudantes e outros manifestantes", notou Meenakshi Ganguly.
Também o secretário-geral da
ONU, António Guterres, exortou na segunda-feira o Governo do Bangladesh a
respeitar “o direito à livre expressão e reunião pacífica” e pediu “uma
investigação rápida e transparente dos atos de violência”.ANG/Lusa
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