Política/Presidente da República lamenta declarações de ex-PM
sobre droga e corrupção
Bissau,15 Jul 24(ANG) - O
Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo, lamentou no sábado as
declarações do ex-primeiro-ministro Nuno Nabiam que o questionou sobre o
tráfico de droga e o acusou de práticas de corrupção para as quais pediu
investigação judicial.
De regresso ao país, após
uma visita oficial de três dias à China, Sissoco Embaló, que falava aos
jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, disse que não
pretendia responder às críticas e insinuações de Nuno Nabiam.
Em conferência de imprensa,
em Bissau, na passada quinta-feira, o ex-primeiro-ministro questionou o
comportamento de Umaro Sissoco Embaló enquanto Presidente guineense, e ainda
levantou suspeitas sobre "aviões que descarregam droga" no país
"nos últimos tempos".
Nuno Nabiam afirmou que
Embaló não pode dizer que desconhece a situação já que, disse, "controla a
polícia e os serviços secretos".
"Toda a gente conhece o
Nuno. É um infantil, não queria responder, mas se estão a dizer que ele disse
isso. Não ouvi as suas declarações, mas vocês conhecem-me. Se Nuno disse isso
tem de o provar", observou Sissoco Embaló.
Quanto ás declarações de
Nabiam sobre alegados descarregamentos de armas de guerra no palácio da
República, Embaló respondeu que "acusações qualquer pessoa as faz" e
lamentou que o ex-primeiro-ministro o esteja a atacar de forma repetida.
"A única coisa que vos
quero esclarecer: não tenho nenhum orgulho de ter tido Nuno como meu
primeiro-ministro. Nunca tratei nada de Estado com o Nuno. Eu é que estava preparado",
sublinhou Sissoco Embaló.
Líder da Assembleia do Povo
Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nabiam foi
primeiro-ministro guineense de 28 de fevereiro de 2020 a 07 de agosto de 2023.
Na sua comunicação na
quinta-feira, Nabiam, que foi também Conselheiro Especial de Embaló, acusou-o
de não o deixar trabalhar enquanto primeiro-ministro por "controlar
tudo".
O Presidente guineense
referiu hoje que Nabiam lhe pediu para o voltar a nomear primeiro-ministro
quando dissolveu o parlamento, em dezembro, e demitiu o Governo da Plataforma
Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), vencedora das eleições legislativas de
junho de 2023.
Umaro Sisosco Embaló afirmou
ainda que perdoa Nuno Nabiam quando este o acusa de "querer mal aos
balantas".
Nabiam é da etnia balanta,
animista, uma das mais representativas da Guiné-Bissau.
"Eu não tenho nada
contra nenhuma etnia da Guiné-Bissau. Eu não me revejo nisso. É por isso que
não simbolizo a minha pessoa com nenhuma etnia", destacou Umaro Sissoco
Embaló, da etnia fula, islamizada, também representativa no país.
Juntos, os balantas e os
fulas, representam quase metade da população guineense.
Em relação à visita de
Estado à China, o Presidente guineense disse ter superado as expectativas e que
o país asiático prometeu reforçar a cooperação com a Guiné-Bissau, tendo para
tal assinado 12 acordos.
Nos próximos dias, disse
Umaro Sissoco Embaló, os ministros que o acompanharam na visita, vão promover
conferências de imprensa para anunciar os acordos alcançados com a China.ANG/Lusa
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