Quénia/ Dezenas de corpos mutilados descobertos em
lixeira
Bissau, 15 Jul 24 (ANG) - A
descoberta de dezenas de corpos, nomeadamente de mulheres, numa lixeira de uma
favela em Mukuru, no Sul de Nairóbi, no Quénia, está a provocar a fúria da
população.
O caso macabro acontece numa altura em que tem
sido denunciado um aumento de casos de desaparecimentos e raptos na sequência
dos protestos contra o governo de William Ruto.
O chefe da Polícia Nacional do Quénia,
Douglas Kanja, disse que os primeiros cadáveres foram encontrados na
sexta-feira, 12 de Julho, e outras partes de corpos foram recuperadas no
sábado, com investigações preliminares que revelam tratar-se na sua maioria de
corpos de mulheres.
Em conferência de imprensa, Douglas Kanja
confirmou que os corpos “mutilados” estão “em estado de decomposição e foram deixados em sacos de plático”,
acrescentando que está em curso uma investigação sobre a "descoberta macabra"
O chefe da Polícia Nacional do Quénia pediu
ainda a cooperação dos residentes na investigação para que os autores deste “crime hediondo” possam ser levados à justiça.
De acordo com o chefe da Direcção de
Investigações Criminais, Amin Mohammed, as idades das vítimas variam entre os
18 e os 30 anos e foram todas mortas pelo mesmo método.
A polícia disse estar empenhada em
realizar "investigações transparentes, completas
e rápidas" aos corpos abandonados em Mukuru,
acrescentou Douglas Kanja, sublinhando que os agentes da esquadra localizada
perto da lixeira-onde estavam os corpos- foram transferidos para outro local.
A Autoridade Independente de Supervisão da
Polícia-IPOA- procura igualmente esclarecer os raptos e detenções ilegais
de manifestantes, que desapareceram após o recente movimento de protesto da
sociedade civil contra a decisão do Presidente William Ruto aumentar de
impostos governamentais. Face aos protesto Ruto voltou a atrás e anunciou a
demissão de grande parte da equipa governamental.
Porém, até ao momento, a IPOA não estabeleceu
qualquer ligação entre os desaparecidos e os corpos abandonados no lixeira de
Mukuru.
As forças de segurança do Quénia têm estado
sob escrutínio desde a morte, no mês passado, de dezenas de pessoas durante os
protestos, com grupos de direitos humanos a acusarem a polícia de usar força
desproporcional.
No ano passado, o Quénia foi abalado pela
descoberta, no sudeste do país, de valas comuns com corpos de várias centenas
de seguidores de uma seita que os tinha forçado a jejuar até à morte.
O líder da seita evangélica, autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie, está a ser julgado por “terrorismo”, no caso que ficou conhecido pelo “massacre da floresta de Shakahola”, uma tragédia que chocou o Quénia e o resto do mundo. ANG/RFI
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