Reino Unido/ governo promete estancar
violência xenófoba
Bissau, 06 Ago 24 (ANG) – O Primeiro-ministro do Reino Unido,
Keir Starmer, prometeu, segunda-feira, "sanções penais rápidas",
após uma reunião de emergência sobre os distúrbios de extrema-direita que desde
a semana passada eclodiram em toda a Inglaterra, na sequência da morte de três
crianças.
O primeiro-ministro britânico reuniu-se esta
segunda-feira com ministros e chefes de polícia, incluindo o chefe da Scotland
Yard, Mark Rowley, para debater sobre a maneira de conter a violência que
eclodiu inicialmente no noroeste da Inglaterra, em Southport, desde
terça-feira 30 de Julho. Durante o fim de semana, vários polícias
ficaram feridos e dezenas de pessoas foram detidas quando multidões
arremessando tijolos e foguetes enfrentavam a polícia, queimando e saqueando
lojas e, partindo vidros de carros e de casas.
Keir Starmer declarou à imprensa
que como parte de uma "série
de acções" resultantes da reunião ocorrida esta segunda-feira, o governo
iria "intensificar a justiça penal", afim
de garantir que "as
sanções penais” fossem “rápidas".
Disse igualmente que um “exército de reserva”
composto por polícias especialmente treinados, estava pronto a ser
destacado, para apoiar forças locais de onde quer que aconteçam novos
distúrbios. O "meu
foco é o de garantir que esta desordem cesse", acrescentou o
primeiro-ministro britânico. Os confrontos eclodiram em Southport um
dia depois de três jovens terem sido mortas e mais cinco crianças gravemente
feridas durante um ataque à facada que ocorreu numa sala de aula de dança.
De acordo com a imprensa britânica,
ao passo que notícias falsas inicialmente espalhadas por via das
redes sociais, davam conta de uma agressão por parte de um requerente de asilo
de origem muçulmana, a polícia corrigiu essa versão, informando que o suspeito
era um jovem de 17 anos de idade, nascido no país de Gales e, filho de pais
ruandeses.
Tal desmentido não impediu que as mesquitas
fossem visadas, o que fez com que a polícia detivesse centenas de pessoas em
várias cidades, com manifestantes anti-imigração a afrontarem-na, bem como a
outros contra-manifestantes, incluindo grupos de muçulmanos.
Nelson Nascimento entrevistou Francisco Bettencourt, historiador e professor no
Kings College de Londres, que a propósito desses
distúrbios que têm assolado o Reino Unido,explicou, explicou que se está
perante uma “tentativa de
aproveitamento de ressentimento e descontentamento” social,
sobretudo no interior do país, havendo como pano de fundo, a “vitória clara” com “uma maioria muito ampla”
do Partido Trabalhista durante as últimas eleições no Reino Unido, face ao
Partido Conservador (os “tories”).
O que se passa é que as últimas eleições
deram uma vitória clara ao Partido Trabalhista. Portanto, tem uma maioria muito
ampla. A direita dos "tories" e a extrema direita do Reform foram
batidas e a esquerda, no seu geral e o centro, digamos assim, o centro esquerda
saíram bastante confortados nesta vitória.
E existe neste momento uma tentativa de
aproveitamento, de ressentimento e de descontentamento, sobretudo na província
e nas partes menos desenvolvidas do Reino Unido, há um descontentamento e a uma
tentativa de extrema direita de explorar esse descontentamento e tentar
inverter a opinião pública depois da derrota que sofreram nas eleições.
É um problema de política de motim e
envolvimento em motim que extravasa o regime democrático e contesta e ameaça o
regime democrático. E o governo trabalhista está correctamente a tentar
encontrar soluções que impeçam o alastrar desses movimentos contrários a todo o
sistema constitucional inglês.
Este historiador baseado no Reino Unido
pormenoriza o que tem estado na origem da
crise com que o país se defronta.
Neste momento a extrema direita aproveita
algum descontentamento que existe por parte de sectores da população que se
sentem abandonados ou não favorecidos contra os imigrantes. Portanto, neste
momento, os actos de motins que estão a ser desenvolvidos tomam como alvo
instalações, hotéis onde foram albergados imigrantes numa fase transitória, e
procuram criar situações francamente violentas, com fogo, com destruição de
janelas, lançamento de tijolos e situações que ameaçam francamente a
integridade física das pessoas e das polícias.
Houve um evento que foi imediatamente
explorado por redes sociais, que foi um assalto a um clube de dança, onde
estavam crianças. Foram esfaqueadas dez crianças, três morreram. Foi um evento
absolutamente horrível. O jovem de 17 anos que praticou esse crime está a ser
julgado. Correu logo nas redes sociais que se tratava de um imigrante. Não é o
caso. Ele é filho de imigrantes, nascido em Inglaterra, e isso foi o pretexto
para todo este movimento de motins.ANG/RFI
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