Cabo Verde/Vera Duarte destaca Amílcar Cabral como um pensador e
um visionário
Bissau, 12 Set 24(ANG) –
A escritora Vera Duarte destacou hoje a figura de Amílcar Cabral como um
"pensador e um visionário" que pensou coisas para além do seu tempo.
Considerou que para ele
a luta de libertação "não era apenas" conquistar a independência, mas
sim conquistar a independência e tirar o povo do sofrimento e ajudá-los a se
tornarem cada vez mais cultos, ou seja, a emancipação dos povos era uma das
prioridades dele.
Acrescentou que no
quesito cultura Amílcar Cabral trabalhou "muito bem" sobretudo a
questão da identidade dos homens e mulheres de Cabo Verde e Guiné-Bissau, por
considerar que a participação das mulheres na luta poderia ser importante e
disse entender que a luta pela libertação, liderada por Cabral é, em si, um
acto de cultura.
"Ele lutou para
combater a submissão e a alienação dos povos coloniais. Esta é a maior dimensão
ética da batalha dele, pois mostrou a sua luta, apesar de estarmos sob domínios
coloniais", frisou.
Lembrou que Amílcar
Cabral, enquanto homem da Cultura, foi fundador e colaborador da criação da
Academia dos escritores e das actividades culturais quando estudava no liceu em
São Vicente. Aos 15 anos publicou o seu primeiro caderno de poesia “nos
intervalos da arte da minerva e quando cupido acerta no alvo".
"Ao longo dos
tempos ele publicou vários pequenos cadernos de poesia, mas acredita-se que
ainda há alguns que não foram publicados”, sublinhou.
A escritora lembrou,
igualmente, o discurso que ele fez no dia 08 de Março de 1969, nas zonas
libertadas sobre a emancipação da mulher, pelo direito à vida, ao trabalho, à
dignidade e a ser considerado companheiro na luta.
"Ele é um
testemunho que influenciou e inspirou o pensamento de várias pessoas no mundo
para a tomada de posições com os seus discursos. Actualmente muitas
universidades do mundo estudam o pensamento dele", disse.
Por outro lado, destacou
também que a língua portuguesa que, segundo Cabral, “é uma das ‘melhores
coisas’ que os portugueses deixaram”, referindo que a língua não é senão um
instrumento para os homens se relacionarem uns com os outros, é um meio para
falar, para exprimir as realidades da vida e do mundo.
A mesma fonte
mencionou um conjunto de pensamentos deste combatente, como a luta pelos
direitos da mulher tanto a nível da educação, quanto à participação e ser
dirigente de qualquer sector.
"Devemos a Amílcar
Cabral o reconhecimento eterno por nos ter tirado das colónias", concluiu.
Amílcar Cabral, filho do
professor Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano de ascendência guineense) e de
Iva Pinhel Évora (nascida na ilha de Santiago, Cabo Verde), nasceu a 12 de
Setembro de 1924, em Bafatá, na então Guiné portuguesa (hoje Guiné-Bissau) e
foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, República da Guiné.
As comemorações do
centenário do nascimento de Amílcar Lopes Cabral, um político, agrónomo e
referenciado como um “teórico marxista”, têm sido marcadas por diversos eventos
académicos, culturais, políticos, desportivos, sociais em várias partes do
mundo. ANG/ Inforpress
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