Diplomacia/CEDEAO diz ter sido ameaçada de expulsão de Bissau
Bissau, 03 Mar 25 (ANG) - A missão política de alto nível da
CEDEAO afirma ter sido ameaçada de expulsão da Guiné-Bissau na sequência de ameaças do
Presidente Umaro Sissoco Embaló proferidas nesse sentido, noticiou a RFI
Contactado pela RFI, um dos membros da missão
política da CEDEAO, presente em Bissau desde 21 de Fevereiro, recusou reagir,
mas confirmou o caso, alegando que o Presidente Sissoco Embaló terá considerado
que a missão extravasou as suas funções ao reunir-se com certos líderes da
oposição.
O
roteiro inicial da CEDEAO não previa reuniões com líderes da oposição. Depois
de cartas enviadas à organização, a delegação cedeu e agendou encontros com
representantes do PAI-Terra Ranka e da API Cabas Garandi.
O
Presidente guineense, que se encontra fora do país em visitas de Estado à
Rússia, ao Azerbaijão e à Hungria não terá apreciado os encontros entre a
CEDEAO e os membros da oposição.
Antes de viajar, o chefe de Estado recebeu a missão da CEDEAO, que se
deslocou a Bissau “sob a directiva da autoridade dos chefes de Estado e de
Governo” da Comunidade, como se lê na declaração final.
Esta missão serviu “para apoiar os esforços dos políticos intervenientes
e outras partes interessadas para chegar a um consenso político sobre um
roteiro para eleições inclusivas e pacíficas em 2025”.
A missão foi realizada conjuntamente pela CEDEAO e pelo Escritório das
Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS).
Na resenha feita, a missão dá conta de que foi recebida em audiência
pelo Presidente guineense e realizou consultas com um vasto leque de
intervenientes nacionais, incluindo autoridades, intervenientes políticos,
entidades de gestão eleitoral e representantes da sociedade civil, bem como
parceiros bilaterais, regionais e internacionais.
“A missão tomou nota das questões e preocupações levantadas pelas partes
interessadas durante as consultas e elogia o compromisso de todas as partes
interessadas no diálogo político para promover um amplo consenso sobre um
roteiro para a condução das eleições legislativas e presidenciais em 2025”,
refere.
O documento revela que foi preparado “um projecto de acordo sobre o
roteiro para a realização das eleições legislativas e presidenciais em 2025” e
que a missão “começou a apresentá-lo às partes interessadas para aprovação”.
A missão apela ainda “a todas as partes interessadas e cidadãos para que
continuem a manter a calma e a defender a paz e a tranquilidade no país”.
A missão da CEDEAO decorreu na semana em que a oposição diz que expirou
o mandato do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que completou
cinco anos na presidência a 27 de Fevereiro.
A delegação já se encontrava em Bissau quando o chefe de Estado anunciou
que vai marcar para 30 de Novembro eleições gerais, legislativas e
presidenciais.
Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento há mais de um ano e marcou
as legislativas antecipadas para Novembro de 2024, que adiou, por alegada falta de condições.
A oposição põe condições, que transmitiu à CEDEAO, para o diálogo com vista à marcação de eleições, nomeadamente que seja reposta a comissão permanente da Assembleia Nacional Popular e que seja esta a conduzir o processo.ANG/RFI/Lusa
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