segunda-feira, 3 de março de 2025

         Diplomacia/CEDEAO diz ter sido ameaçada de expulsão  de Bissau

Bissau, 03 Mar 25  (ANG) - A missão política de alto nível da CEDEAO afirma ter sido ameaçada de expulsão  da Guiné-Bissau na sequência de ameaças do Presidente Umaro Sissoco Embaló proferidas nesse sentido, noticiou a RFI

Segundo a RFI, num  comunicado publicado sábado e assinado pelo chefe da missão da CEDEAO, o embaixador Bagudu Hirse, ex-ministro dos negócios estrangeiros da Nigéria, a organização afirma que a delegação "partiu de Bissau na madrugada deste sábado [1 de Março], na sequência de ameaças de S.E (Sua Excelência) Umaro Sissoco Embaló para expulsá-la”.


Contactado pela RFI, um dos membros da missão política da CEDEAO, presente em Bissau desde 21 de Fevereiro, recusou reagir, mas confirmou o caso, alegando que o Presidente Sissoco Embaló terá considerado que a missão extravasou as suas funções ao reunir-se com certos líderes da oposição.

O roteiro inicial da CEDEAO não previa reuniões com líderes da oposição. Depois de cartas enviadas à organização, a delegação cedeu e agendou encontros com representantes do PAI-Terra Ranka e da API Cabas Garandi. 

O Presidente guineense, que se encontra fora do país em visitas de Estado à Rússia, ao Azerbaijão e à Hungria não terá apreciado os encontros entre a CEDEAO e os membros da oposição.

Antes de viajar, o chefe de Estado recebeu a missão da CEDEAO, que se deslocou a Bissau “sob a directiva da autoridade dos chefes de Estado e de Governo” da Comunidade, como se lê na declaração final.

Esta missão serviu “para apoiar os esforços dos políticos intervenientes e outras partes interessadas para chegar a um consenso político sobre um roteiro para eleições inclusivas e pacíficas em 2025”.

A missão foi realizada conjuntamente pela CEDEAO e pelo Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS).

Na resenha feita, a missão dá conta de que foi recebida em audiência pelo Presidente guineense e realizou consultas com um vasto leque de intervenientes nacionais, incluindo autoridades, intervenientes políticos, entidades de gestão eleitoral e representantes da sociedade civil, bem como parceiros bilaterais, regionais e internacionais.

“A missão tomou nota das questões e preocupações levantadas pelas partes interessadas durante as consultas e elogia o compromisso de todas as partes interessadas no diálogo político para promover um amplo consenso sobre um roteiro para a condução das eleições legislativas e presidenciais em 2025”, refere.

O documento revela que foi preparado “um projecto de acordo sobre o roteiro para a realização das eleições legislativas e presidenciais em 2025” e que a missão “começou a apresentá-lo às partes interessadas para aprovação”.

A missão apela ainda “a todas as partes interessadas e cidadãos para que continuem a manter a calma e a defender a paz e a tranquilidade no país”.

A missão da CEDEAO decorreu na semana em que a oposição diz que expirou o mandato do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que completou cinco anos na presidência a 27 de Fevereiro.

A delegação já se encontrava em Bissau quando o chefe de Estado anunciou que vai marcar para 30 de Novembro eleições gerais, legislativas e presidenciais.

Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento há mais de um ano e marcou as legislativas antecipadas para Novembro de 2024, que adiou, por alegada  falta de condições.

A oposição põe condições, que transmitiu à CEDEAO, para o diálogo com vista à marcação de eleições, nomeadamente que seja reposta a comissão permanente da Assembleia Nacional Popular e que seja esta a conduzir o processo.ANG/RFI/Lusa

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