EUA/África deve reduzir vulnerabilidades garantindo apoio às reformas - FMI
Bissau, 29 Abr 25(ANG) - O economista do Fundo Monetário
Internacional (FMI) que coordenou o relatório sobre a África subsaariana disse
hoje que os governos da região devem reduzir as vulnerabilidades
macroeconómicas, responder às necessidades de desenvolvimento e garantindo
apoio às reformas estruturais.
"Para os decisores políticos, há três prioridades
simultâneas: reduzir as vulnerabilidades macroeconómicas, mas ao mesmo tempo
responder às necessidades de desenvolvimento e assegurar que as reformas são
política e socialmente aceitáveis", disse Thibault Lemaire.
Em entrevista à Lusa no final dos Encontros da Primavera do Banco
Mundial e do FMI, que terminaram no sábado em Washington, o economista vincou
que "a turbulência económica na região não resulta diretamente das
tarifas" impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao
comércio com os países, mas sim através dos efeitos indiretos dessa medida.
"Os efeitos são principalmente indiretos; para a região o
canal de transmissão mais importante, principalmente para os exportadores de
petróleo como Angola e Nigéria, é a redução dos preços das
matérias-primas", disse Thibault Lemaire, reconhecendo que as condições
económicas globais também têm um impacto significativo na região.
"Os efeitos secundários devem-se ao abrandamento da procura
mundial, aumento da restritividade das condições financeiras, potenciais
pressões cambiais e, globalmente, maior incerteza económica", afirmou.
Na entrevista à Lusa no final dos Encontros, o economista do
departamento africano do Fundo salientou que, apesar dos desafios, "há
fatores de resiliência na região", que deverá abrandar o crescimento para
3,8% este ano, uma revisão que mostra um corte de 0,4 pontos percentuais face
às previsões de outubro.
No ano passado, a região "excedeu as expectativas",
tendo registado um crescimento de 4%, acima dos 3,6% registados em 2023, e
abaixo dos 4,2% previstos para 2026.
"Havia sinais de aceleração do crescimento do crescimento no
quarto trimestre do ano passado, devido a melhores políticas e uma redução dos
desequilíbrios macroeconómicos, incluindo a desaceleração da inflação para
4,5%, em média, no início deste ano, e uma estabilização do rácio da dívida
pública, para menos de 60% do PIB, disse o economista.
"A turbulência mundial traz vários choques e veio ensombrar
as perspetivas económicas", afirmou Thibault Lemaire, salientando que
"apesar dos fatores adversos a nível global, 11 dos 20 países com maior
taxa de crescimento estão na África subsaariana, o que demonstra a resiliência
e o potencial da região".
Entre os 45 países da África subsaariana, 24 têm programas de
financiamento em vigor no FMI, que desde 2020 financiou os países com mais de
65 mil milhões de dólares, cerca de 57 mil milhões de euros, a maior parte
concessional, salientou Lemaire, precisando que só no ano passado o
financiamento foi de 8 mil milhões de dólares (7 mil milhões de euros), a que
se juntam mais 800 milhões de dólares, mais ou menos 700 milhões de euros, já
este ano.
"Para agora e para o futuro, queria lembrar que somos a
instituição criada para ajudar os países a lidar com choques externos, e é
exatamente esse o porquê de estarmos aqui; reiteramos sempre que estamos
prontos para apoiar os países quando enfrentam choques exógenos, e esta
disponibilidade vai continuar", concluiu.
ANG/Inforpress/Lusa

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