Reino Unido/Oitocentos milhões de Euros de ajuda humanitária prometidos ao Sudão em conferência internacional
Bissau, 16 Abr 25 (ANG) - Cerca de quinze países reunidos , terça-feira, em Londres numa conferência internacional sobre o Sudão, prometem 800 milhões de euros de ajuda humanitária ao país africano.
A conferência organizada pelo Reino Unido, a União Africana, a União
Europeia, a França e a Alemanha, ocorreu no dia em que se assinalam dois anos
de uma guerra civil que provocou dezenas de milhares de mortos, 13 milhões de
deslocados e refugiados, assim como a mais grave crise humanitária do mundo,
segundo a ONU.
Numa altura em que o Sudão assinala neste dia 15 de Abril, dois
anos de conflito entre o general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército
sudanês, e o seu antigo adjunto, Mohamed Hamdane Daglo, chefe dos paramilitares
das Forças de Apoio Rápido, a comunidade internacional está reunida hoje em
Londres para reflectir sobre meios de ajudar este país.
No quadro deste encontro em que para além das entidades e países
organizadores participam igualmente a Arábia Saudita, os Estados Unidos, e
representantes das Nações Unidas e da Liga Árabe, as promessas de apoio
humanitário ascendem a pelo menos 800 milhões de Euros, dos quais, 522 milhões
devem ser desbloqueados pela União Europeia.
O Reino Unido anunciou, por sua vez, um envelope de um pouco
mais de 139 milhões de Euros, para alimentos e apoio às vítimas de violência
sexual, a Alemanha prometeu 125 milhões de Euros, para fornecer alimentos e
medicamentos, mas também para "estabilizar
a situação nos países vizinhos", cujas capacidades de acolhimento dos refugiados "atingem os seus limites", disse
ontem a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock. Por seu
lado, a França anunciou que vai mobilizar 50 milhões de Euros.
Num contexto em que o terreno não dá sinais de acalmia, os
participantes do encontro fizeram todos um balanço sombrio da situação do país.
"Dois anos é muito tempo (...) e, no entanto, uma grande parte do
mundo continua a desviar o olhar", lamentou o chefe da
diplomacia britânica David Lammy ainda antes da abertura da conferência. No
mesmo sentido, "continuar a desviar o olhar do Sudão
terá consequências catastróficas" para o país mas também para a região, alertou, por sua vez, o
Alto-comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.
A ONG Human Rights Watch pediu o envio de uma missão para
proteger os civis, especialmente para "garantir um transporte seguro e sem
entraves da ajuda humanitária", enquanto o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) teceu um
alerta para "as
consequências desastrosas que um terceiro ano de guerra" poderia ter
no Sudão.
Sinal contudo de que o tempo da paz ainda não chegou para o
Sudão, nenhum dos beligerantes foi representado na conferência de Londres. Um
facto que não escapou ao governo do Sudão que protestou junto do Reino Unido
por não ter sido convidado para a conferência, acusando as autoridades
britânicas de colocar em pé de igualdade o Estado sudanês "soberano e membro das Nações Unidas
desde 1956" e
as Forças de Apoio Rápido, "Milícia
terrorista que comete genocídio e crimes contra a Humanidade". ANG/RFI

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