Angola/Presidência diz que barrou acesso à RTP por "notícias tendenciosas"
Numa nota hoje publicada na sua página oficial da rede social
Facebook, a Presidência angolana afirma que a RTP tem acompanhado ao longo dos
anos, "quase em exclusividade, as atividades desenvolvidas pelo Governo
angolano", mas que, "por força de notícias tendenciosas" que tem
sido veiculadas pela estação, o Governo angolano decidiu dar pôr fim ao
privilégio de acesso ao Palácio Presidencial.
No comunicado da presidência refere-se que a RTP foi notificada
em 15 de abril de 2025 sobre a "cessação da sua prestação em eventos no
Palácio Presidencial", decisão "ignorada pela RTP", que se
apresentou na sala de imprensa do Palácio, "mesmo sabendo que não constava
da lista de órgãos com acesso autorizado, pelo que foi convidada a abandonar o
local, contrariamente ao que se veiculou na imprensa portuguesa".
"Nenhum jornalista ou cadeia televisiva angolana se atreve
a entrar num Palácio Presidencial sem que para tal esteja credenciado",
destaca a presidência angolana, acrescentando que estranha "esta campanha
de vitimização, que não abona os laços de amizade e cooperação entre os dois
países".
Numa nota enviada na quinta-feira à Lusa, o Ministério dos
Negócios Estrangeiros declarou que "Portugal respeita profundamente a
liberdade de imprensa e, por isso, lamenta seriamente a situação ocorrida com a
RTP em Luanda", acrescentando que "o Governo português transmitirá a
sua posição, pelos adequados canais diplomáticos, às autoridades
angolanas".
A RTP, por seu lado, manifestou "profunda preocupação e
veemente repúdio" pela "expulsão da equipa".
"Apesar de estarem devidamente credenciados e no exercício
legítimo da sua função jornalística, os profissionais da RTP foram retirados da
sala de imprensa, numa ação seletiva e discriminatória que contrasta com a
permanência de outros jornalistas", lê-se na nota de protesto da RTP, que
considerou a atitude das autoridades angolanas "um atentado à liberdade de
imprensa e uma violação flagrante dos princípios fundamentais do jornalismo e
da democracia".
"A RTP foi também excluída do grupo de whatsapp do Centro
de Imprensa da Presidência, o meio oficial de divulgação da agenda
institucional dos órgãos de comunicação credenciados", em Angola, lamentou
a televisão portuguesa, reiterando solidariedade para com os seus
profissionais.
O caso mereceu igualmente o repúdio dos sindicatos dos
jornalistas português e angolano, com o Sindicato dos Jornalistas Angolanos a
exortar a Secretaria de Imprensa da Presidência da República de Angola a
"retratar-se e reverter a medida". ANG/Lusa

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