Médio Oriente/Ajuda humanitária chega a Gaza, ONU alerta ser 'uma gota no oceano'
Bissau, 22 Mai 25 (ANG) – O exército israelita lançou esta semana uma ofensiva de
grande escala contra os campos de refugiados de Jénine, Tulkarem e Nour Chams,
no norte da Cisjordânia ocupada, sob o pretexto de desmantelar infra-estruturas
de grupos armados palestinianos.
Os ataques em território da Cisjordânia
provocaram evacuações forçadas e tensão acrescida, numa região sob ocupação
militar desde 1967.
Durante uma visita diplomática a Jénine,
organizada pela Autoridade Palestiniana, uma delegação de cerca de vinte diplomatas
estrangeiros foi alvo de disparos de advertência por soldados israelitas. As
forças armadas de Israel confirmaram a acção, alegando que a comitiva "se desviou do trajecto
autorizado e entrou numa zona proibida".
A reacção da comunidade internacional foi
imediata. A União Europeia, através da chefe da diplomacia, Kaja Kallas, exigiu
uma investigação completa e responsabilização dos envolvidos. Vários países
europeus, incluindo França, Espanha e Portugal, convocaram representantes
diplomáticos israelitas para obter esclarecimentos. As Nações Unidas
reiteraram que ataques a diplomatas são "inaceitáveis" e
apelaram a uma "investigação
minuciosa".
Três dias depois do anúncio de Israel sobre a
reabertura parcial das fronteiras à ajuda humanitária, as Nações Unidas
confirmaram que entraram, esta quarta-feira, 21 de Maio, cerca de 90 camiões de
provisões na Faixa de Gaza, que inclui farinha, leite para bebés e
equipamento médico.
O governo local de Gaza, sob controlo do
grupo islamita Hamas, confirmou a chegada de 87 camiões. A ONU alerta que este
volume representa apenas uma fracção das necessidades diárias da população.
Antes do início do cerco total, imposto por Israel em Março, entravam em Gaza
cerca de 500 camiões por dia.
Segundo o porta-voz do secretário-geral das
Nações Unidas, Stéphane Dujarric, a ajuda tem enfrentado obstáculos logísticos
significativos e representa "uma
gota de água num oceano".
Durante a conferência de imprensa de
quarta-feira, Benyamin Netanyahu não comentou os disparos contra a delegação
diplomática nem a resposta internacional. Reafirmou, no entanto, o objectivo de
concluir a operação militar em Gaza com o controlo total da região pelas forças
israelitas. O primeiro-ministro israelita declarou estar disponível para
considerar um cessar-fogo temporário com vista à libertação de reféns.
Ainda ontem, dois funcionários da embaixada
de Israel foram mortos a tiro nos arredores do Museu Judaico em Washington. O
atacante, que gritou "free,
free Palestine" no momento da detenção. O ministro dos
Negócios Estrangeiros israelita responsabilizou os países europeus pela alegada "incitação ao ódio",
referindo-se às críticas recentes à política militar de Israel em Gaza.ANG/RFI

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