Timor Leste/"Timor acredita que processo de descolonização permanece incompleto", diz Ramos Horta
Bissau, 21 Mai 25 (ANG) - O Presidente de
Timor-Leste defendeu hoje o direito dos povos dos territórios não autónomos à
autodeterminação, salientando que a descolonização não estará completa enquanto
houver povos sem oportunidade de decidirem livremente o seu futuro.
Timor-Leste acredita firmemente que o processo de descolonização
permanece incompleto enquanto houver povos cuja vontade livre e genuína não
tenha sido ouvida, respeitada e implementada", afirmou José Ramos-Horta.
O chefe de Estado falava no seminário regional do Pacífico do
Comité Especial de Descolonização (C-24), criado em 1961 pelas Nações Unidas,
que teve hoje início em Díli e vai decorrer até sexta-feira.
"A defesa destes princípios não é apenas um dever
histórico, mas uma contribuição vital para a construção de um sistema
internacional mais justo, inclusivo e respeitador - um sistema que honre a
dignidade de todos os povos", salientou o também prémio Nobel da Paz.
Segundo dados do C-24, existem 17 territórios não autónomos no
mundo, que representam cerca de dois milhões de pessoas.
Os 17 territórios não autónomos, considerados pelo C-24, são
Anguila, Bermudas, Gibraltar, Guam, Ilhas Caimão, Ilhas Malvinas, Ilhas Turcas
e Caicos, Ilhas Virgens dos Estados Unidos, Ilhas Virgens Britânicas,
Monserrate, Nova Caledónia, Ilhas Pitcairn, Polinésia Francesa, Santa Helena,
Samoa Americana, Toquelau e o Saara Ocidental.
"Timor-Leste acredita firmemente que todos os territórios
não autónomos sob consideração do C-24 devem ter a oportunidade de decidir
livremente o seu futuro - escolhendo os seus próprios sistemas políticos,
económicos e sociais, em conformidade com os princípios consagrados na Carta
das Nações Unidas", defendeu José Ramos-Horta.
Na sua intervenção, o Presidente salientou que a descolonização
não se concretiza só com resoluções, mas também "através da dignidade, da
inclusão e do impacto".
"A experiência de Timor-Leste demonstra que a paz duradoura
nasce do respeito pela vontade do povo e consolida-se no terreno através da
justiça social, da oportunidade económica e da liberdade cultural",
acrescentou.
Timor-Leste declarou a independência unilateral de Portugal a 28
de novembro de 1975, mas nove dias depois foi ocupado pela Indonésia. O país
voltou a restaurar a independência a 20 de maio de 2002, na sequência de um
referendo, realizado a 30 de agosto de 1999, que pôs fim à ocupação indonésia.
ANG/Lusa

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