UNICEF/Relatório 2024 refere que apesar dos desafios a
organização conseguiu melhorar a vida das crianças no país
Bissau,
23 Mai 25 (ANG) – O Relatório do Fundo das Nações Unidas para a
Infância(Unicef), destacou que em 2024, apesar dos desafios, a organização em
colaboração com o Governo e outros parceiros, deram passos significativos para
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, melhorando a
vida de algumas das crianças mais desfavorecidas da Guiné-Bissau.
“Notavelmente,
fizemos avanços significativos em termos de saúde comunitária e imunização,
nutrição, acesso a água potável, saneamento, higiene, registo de nascimento,
educação e proteção social”, salientou o Unicef no seu Relatório anual da
Unicef de 2024 para a Guiné-Bissau.
No entanto, de acordo com o documento, a Guiné-Bissau continua a apresentar algumas das taxas de mortalidade materna e neonatal mais elevadas do mundo: cerca de 725 por 100.000 nascimentos (OMS, 2020) e 35 por 1.000 nados-vivos, respetivamente.
“Para
resolver este problema, concentrámo-nos no reforço dos cuidados de saúde
primários, especialmente através da capacitação dos agentes de saúde
comunitária. Os agentes de saúde comunitária aumentaram de 500 em 2021 para
2.134 em 2024”, refere o relatório, indicando que o UNICEF apoiou o Governo na
prestação de serviços à mais de 109.000 crianças com menos de cinco anos (93%
da população-alvo) a nível comunitário.
Acrescenta
que também foi dado apoio a integração
dos serviços de imunização com outras intervenções essenciais de
saúde, nomeadamente na campanha nacional integrada de vacinação contra o
sarampo e a rubéola, no decurso da qual foram
imunizadas 805.768 crianças, o que correspondem a 91% das 881.815 crianças
visadas, tendo sido emitidas certidões de nascimento para cerca de 10.000
crianças.
O
Relatório indica que a má nutrição
continua a ser uma grande preocupação, afetando cerca de 30% das crianças, o
que as impede de alcançar um desenvolvimento físico e cognitivo adequado,
dificultando o progresso nacional, sendo que o combate à desnutrição tem sido
uma prioridade do UNICEF.
“Em
parceria com o PAM, o UNICEF facilitou a administração de vitamina A a 805.768
crianças com idades entre os 6 e os 59 meses e a desparasitação à aquelas com
idades entre os 12 e os 59 meses. Além disso, o UNICEF tem apoiado o tratamento
de crianças desnutridas, ajudando as unidades de saúde que tratam pessoas com
desnutrição aguda grave (DAG), e que das 776
crianças admitidas com DAG, 640 foram tratadas com sucesso”,lê-se no documento.
Adiantou
que, dada a forte ligação entre a subnutrição e as doenças transmitidas pela
água, o UNICEF apoiou a integração de uma estratégia intersectorial de água,
saneamento e higiene (WASH) nos serviços de nutrição.
Além
disso, o apoio do UNICEF às atividades de Saneamento Total Liderado pela
Comunidade (CLTS) colocou o país no caminho certo para alcançar o estatuto de
“Livre de Defecação Aberta” até 2030.
“As
intervenções CLTS do UNICEF em 150 comunidades beneficiaram 49.800 indivíduos,
melhorando o saneamento básico. Outras intervenções WASH incluíram a construção
e reabilitação de infraestruturas e serviços de água e saneamento para
crianças, a experimentação de soluções inovadoras de WASH resilientes ao clima
e a instalação de 220 poços de latrina adaptados ao clima em áreas propensas a
inundações, beneficiando 3.135 pessoas (1.594 homens e 1.541 mulheres)”, disse
o Relatório.
No
domínio da educação, o relatório refere que o UNICEF apoiou o Ministério da
Educação no mapeamento de quase 2.000 escolas e infraestruturas educacionais em
todo o país, acrescentando que, este esforço disponibilizou ao Governo dados
oficiais e precisos sobre o setor da educação pela primeira vez desde o ano
letivo de 2015-2016, ajudando a moldar um planeamento e dotação orçamental mais
eficazes e a criar as bases para melhorar o sistema educativo.
De
acordo com o documento, uma preocupação crítica no âmbito da educação é o facto
de quase um terço das crianças em idade escolar no país estarem fora do sistema
educativo, o que representa uma das taxas mais altas do mundo.
Em
resposta, o UNICEF apoiou o Ministério da Educação no desenvolvimento do
Programa Nacional de Educação Formal Acelerada (PEFA), que oferece percursos de
aprendizagem a crianças e adolescentes fora da escola e em risco,
permitindo-lhes recuperar o atraso e acelerar a aprendizagem.
Embora
a educação precoce seja fundamental, segundo o Relatório, muitos jardins de
infância não estão disponíveis para crianças pequenas, especialmente em áreas
rurais remotas. Os que existem, muitas
vezes, não são de qualidade. Em 2024, com vista a melhorar a qualidade do
ensino pré-escolar, o UNICEF apoiou o Ministério da Educação na implementação
de tecnologias inovadoras.
Notavelmente,
o Inventário da Qualidade da Primeira Infância (QPI) testou um novo plano
curricular para crianças com 5 anos em 114 centros, beneficiando
aproximadamente 4.000 crianças.
O
UNICEF expandiu o sistema nacional de informação para a proteção das crianças,
de modo a incluir os trabalhadores dos serviços de saúde. Foram validados
módulos de formação e procedimentos operacionais normalizados (PON) para o novo
sistema nacional de gestão de processos, desenvolvido com o apoio do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Além
disso, o UNICEF apoiou o sistema de saúde na recolha de dados de qualidade
sobre a proteção das crianças. O registo de nascimento melhorou significativamente
com o apoio do UNICEF à várias estratégias, incluindo o reforço da recolha de
dados e a integração do registo de nascimento noutras atividades como campanhas de vacinação.
“Em
2024, 69.262 crianças tiveram acesso à certidão de nascimento, o que representa
um aumento significativo em relação às 38.881 registadas em 2023”, salienta o
relatório, que acrescenta que, além disso, registaram-se progressos significativos
no sentido de pôr termo à mutilação genital feminina e ao casamento infantil,
tendo 123 comunidades declarado o abandono destas práticas, e a promoção da
matrícula escolar das raparigas.
Refere-se
que, aproximadamente, 67% da população vive abaixo da linha da pobreza,
sobrevivendo com menos de dois dólares por dia, sendo as crianças 48% desse
grupo vulnerável.
O
relatório refere ainda que, em 2024, o UNICEF desempenhou um papel fundamental
no desenvolvimento e validação da Política Nacional de Proteção Social (PNPS) e
da respetiva estratégia de implementação, uma política que visa estender a
proteção social à mais de 15% da população (cerca de 330.000 pessoas),
incluindo crianças e famílias que vivem em situação de extrema pobreza,
sobrevivendo com menos de 1 dólar por dia.
"O
UNICEF reforçou a capacidade do Governo para melhorar as finanças públicas para
as crianças (PF4C). Com o apoio e a defesa de alto nível do UNICEF, a
Guiné-Bissau participou, pela primeira vez, em 2023, no Inquérito sobre o
Orçamento Aberto (IOA) e no seu lançamento subsequente em 2024, realizado pela
Parceria Internacional para o Orçamento”, frisou.
Afirmou
que este inquérito avalia a transparência e o acesso do público às informações
orçamentais e às despesas em 125 países. Em consequência, o Ministério das
Finanças da Guiné-Bissau estabeleceu padrões mais elevados para assegurar a
publicação atempada de documentos orçamentais cruciais em 2025 e promover a
participação pública, melhorando a transparência, a participação e a eficácia orçamentais.
“A
Guiné-Bissau é altamente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. Em
resposta à intervenção do UNICEF, o Governo assinou a Declaração sobre as
Crianças, os Jovens e as Alterações Climáticas. O UNICEF também participou no
primeiro Diálogo Nacional sobre o Clima do país e apoiou a participação da
jovem embaixadora na COP29”, sublinha o Relatório.
O documento
indica que o UNICEF facilitou a produção e divulgação de 75 peças mediáticas
centradas nas crianças na televisão, rádio e imprensa escrita. Estes esforços
capacitaram crianças e adolescentes para expressarem as suas preocupações e
participarem ativamente nos meios de comunicação social, promovendo uma cultura
de defesa e consciencialização ao nível da base.
Além
disso, o UNICEF recorreu às redes sociais para interagir com o público, em
particular com os jovens. Em 2025, o UNICEF vai colaborar de forma estreita com
o Governo, parceiros e jovens para desenvolver estas conquistas, reforçar a
resiliência e defender os direitos de todas as crianças, capacitando-as para
alcançar o seu pleno potencial. ANG/MI/ÂC//SG

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