França/Petróleo e gás têm impactos devastadores nos oceanos e nas comunidades
Bissau, 17 Jun 25 (ANG) - As actividades
da indústria do petróleo e gás causam impactos significativos ao longo de todo
o ciclo, desde a exploração até o abandono das infraestruturas.
O alerta é de Bruna Campos, responsável de campanhas sobre petróleo e gás offshore (no mar) do Centro para o Direito Ambiental Internacional (CIEL – Center for International Environmental Law), durante a terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorreu em Nice, França.
Segundo Bruna Campos, os efeitos da actividade extractiva
estendem-se a cada etapa do processo — exploração, produção, transporte e
desactivação — afectando de forma profunda os ecossistemas marinhos e as
comunidades costeiras. “As actividades de petróleo e gás têm um impacto em todo
o ciclo, exploração, produção e transporte. E até na fase final, que se traduz
no abandono da infra-estrutura, cada parte do ciclo tem o seu próprio impacto”,
explicou.
Na fase de exploração, o uso intensivo de sonares representa uma
ameaça séria à fauna marinha. “Aquilo causa um grande problema a muitas
espécies no mar, como por exemplo, às baleias ou aos golfinhos. Mas não só, aos
microrganismos também, como o zooplâncton, que têm muitos problemas com esse
tipo de som. Não reagem muito bem. Isso causa um problema em toda a parte da
alimentação marinha.”
A responsável de campanhas sobre petróleo e gás offshore alertou
ainda para a frequência com que ocorrem derrames de petróleo, contrariando a
percepção comum de que são eventos raros. “As pessoas pensam que o derrame de
petróleo é muito raro, só que não. E os derrames acontecem todos os dias. Uma
publicação da SkyTruth, organização que utiliza imagens de satélites para
poderem ver esses tipos de derrames, repararam que os derrames acontecem todos
os dias em muitas infra-estruturas.”
Estes derrames têm implicações ambientais e humanas, com
consequências particularmente graves nas comunidades que dependem da do oceano
e da pesca. A especialista destacou que os efeitos não se limitam ao
meio-ambiente, mas também afectam directamente a segurança alimentar, os
direitos culturais e os modos de vida tradicionais. “Todos os direitos humanos
são postos em causa.”
Apesar das múltiplas discussões e anúncios, uma das críticas que
frequentemente se apontam às grandes cimeiras é a ausência de acções concretas
por parte dos governos. “É isso o grande problema. Estamos a pedir para os
países mudarem esse tipo de retórica e para começarem a falar sobre as acções,
sobre o que eles vão verdadeiramente fazer.”
Bruna Campos acrescenta igualmente a importância de incluir as
comunidades afectadas nas decisões que dizem respeito ao seu futuro. “As
comunidades que vivem nessas áreas devem fazem parte da decisão, mais do que
serem ouvidas devem fazer parte da decisão.”ANG/RFI

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