Irão/Presidente do Irão critica comportamento do chefe da AIEA
Bissau, 30 Jun 25 (ANG) - O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, justificou hoje o
rompimento da cooperação do Irão com a Agência Internacional de Energia Atómica
(AIEA) com "a conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" do
chefe da agência da ONU.
"A opinião do Governo, da Assembleia Consultiva Islâmica e
da nação iraniana é que o diretor-geral da AIEA não agiu de forma imparcial em
relação ao programa nuclear do nosso país", disse Pezeshkian.
Segundo um comunicado do gabinete do Presidente do Irão,
Pezeshkian fez os comentários sobre o chefe da AIEA, Rafael Grossi, durante uma
conversa telefónica que manteve no domingo à noite com o homólogo francês,
Emmanuel Macron.
Pezeshkian disse a Macron que a recente decisão do parlamento
iraniano de romper a cooperação com a AIEA "é uma resposta natural à
conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" que atribuiu a
Grossi.
O Presidente iraniano acusou Grossi de "fornecer relatórios
falsos sobre o programa nuclear" do Irão e de não ter condenado os
recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares
da República Islâmica.
"Este comportamento não é de forma alguma aceitável para
nós", afirmou, citado pela agência noticiosa oficial iraniana IRNA.
Israel lançou uma ofensiva contra o Irão em 13 de junho, com
ataques contra instalações nucleares e militares que causaram a morte de altos
comandos das forças armadas e de vários cientistas do programa nuclear.
As autoridades israelitas justificaram a ofensiva com a alegação
de que o Irão estava prestes a conseguir uma bomba atómica, o que Teerão negou,
afirmando que o programa nuclear do país se destinava a fins civis,
nomeadamente a produção de energia.
Oito dias depois, os Estados Unidos atacaram as centrais
nucleares Fordo, Natanz e Isfahan.
O Irão anunciou hoje que os ataques, que cessaram entretanto,
causaram mais de 900 mortos.
Pezeshkian reafirmou que o Irão não tenciona construir armas
nucleares e que os ataques de que foi alvo ocorreram quando participava em
negociações com os Estados Unidos.
"O que é ainda mais lamentável é que, em vez de denunciarem
e condenarem, os defensores dos direitos humanos e do direito internacional
tentaram justificar esta ação desumana e ilegal do regime sionista e dos
Estados Unidos", afirmou.
Pezeshkian levantou a questão de saber por que razão Israel, que
não é membro do Tratado de Não-Proliferação (TNP), ao contrário do Irão, não é
alvo de inspeções e relatórios da AIEA por ter armamento nuclear.
Questionou ainda que garantia terá o Irão de que as instalações
nucleares do país não voltarão a ser atacadas mesmo que volte a cooperar com a
AIEA, uma agência da ONU com sede em Viena, a capital da Áustria.
Pezeshkian referiu que o Irão quer resolver as questões apenas
através da diplomacia e disse esperar que as organizações internacionais como a
AIEA trabalhem para a paz, segundo a IRNA.
A agência oficial iraniana noticiou também que Macron disse a
Pezeshkian que a França foi um dos primeiros países a condenar os ataques de
Israel e dos Estados Unidos contra o Irão, e defendeu a continuação da
cooperação de Teerão com a AIEA. ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário