Itália/Sangue nas
lágrimas da Virgem Maria era afinal de vidente italiana
Bissau, 25 Jun 25 (ANG) - As lágrimas de sangue que fluíam dos olhos de uma estatueta da Virgem Maria, que atraiu muitos peregrinos perto de Roma, eram falsas, pertencendo à autoproclamada vidente que fez um negócio lucrativo com o fenómeno, revelou uma investigação.
Em 2024, o Vaticano já
tinha refutado a natureza sobrenatural das aparições relatadas por Gisella
Cardia, que afirmou ter ouvido Maria e testemunhado os seus milagres em
Trevignano Romano, uma cidade a noroeste de Roma.
Esta siciliana de cinquenta anos relatou que comunicava
diretamente com a Virgem e o caso, amplamente divulgado, atraiu centenas de
peregrinos que iam todos os meses rezar à estátua da Virgem nas alturas do Lago
Bracciano, noticiou na terça-feira a agência France-Presse (AFP).
A ex-empresária, condenada em 2013 por falência fraudulenta,
afirmou ter visto a estatueta da Virgem derramar lágrimas de sangue e ter
assistido a uma multiplicação de pizzas e gnocchi, como no "milagre da
multiplicação dos pães" descrito no Evangelho.
Na realidade, o sangue era dela, revelaram análises genéticas de
quatro amostras, todas correspondentes ao seu ADN, segundo relatos publicados
pela imprensa italiana, incluindo o diário romano Il Messaggero.
A diocese abriu uma investigação em abril de 2023 após denúncias
de vários moradores de Trevignano Romano, que denunciavam uma "fraude
gigantesca" e estavam exasperados com as romarias dos fiéis.
O Ministério Público de Civitavecchia também abriu uma
investigação sobre fraude. Graças ao sucesso do passa-palavra, Gisella Cardia
fundou uma associação que colheu os benefícios de um negócio lucrativo
alimentado por donativos individuais.
Só as lágrimas da Virgem Maria em Siracusa, na Sicília, em 1953,
foram oficialmente reconhecidas como milagrosas por um papa.
Desde então, inúmeros fenómenos semelhantes têm sido alegados
como envolvendo estátuas de Maria, Cristo ou santos em Itália, onde 74,5% dos
59 milhões de habitantes são católicos.
Nestes casos, a Igreja Católica mantém-se muito cautelosa e
deixa ao critério de cada diocese decidir caso a caso.ANG/Lusa

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