Nigéria/Países Baixos devolvem 119 estátuas de bronze
Bissau, 20 Jun 25 (ANG) - Mais de um século depois de terem
sido saqueadas pelas tropas britânicas, 119 bronzes do Benim regressaram ao seu
país de origem, a Nigéria.
A devolução destes tesouros
artísticos, pilhados em 1897 no antigo Reino do Benim, representa um marco
simbólico na luta pela restituição de património tomado durante o colonialismo.
No dia 20 de Maio de 2025, o Wereldmuseum de
Leiden, nos Países Baixos, retirou 113 esculturas da sua colecção para as
restituir à Nigéria. A estas peças juntam-se mais seis provenientes de um outro
museu de Roterdão. Estas obras fazem parte dos bronzes do Benim, tesouros
artísticos saqueados em 1897 durante uma expedição militar britânica ao antigo
Reino do Benim, situado no sul do actual território nigeriano.
No momento da restituição, um funcionário
neerlandês usou luvas azuis, retirou um dos bronzes, uma máscara decorativa de
valor cultural incalculável, do local onde estava exposto, colocou-o sobre uma
almofada e envolveu-o em várias camadas de papel. O objecto prepara-se agora
para a viagem de regresso a Lagos, onde vai ser organizada uma cerimónia oficial
de devolução. Depois, os bronzes vão ser exibidos num museu a ser construído em
Benin City, a região de origem.
Esta restituição marca uma viragem no debate
internacional sobre a restituição de bens culturais retirados dos seus
contextos durante a era colonial. A história dos bronzes do Benim está
ligada à violência colonial. Em 1897, após a morte de nove oficiais britânicos
durante uma missão no então independente Reino do Benim, Londres respondeu com
uma expedição punitiva. O exército britânico massacrou milhares de habitantes,
incendiou a capital e saqueou o palácio real, de onde retirou centenas de obras
de arte, incluindo os bronzes do Benim. Estas peças, que incluem esculturas e
placas ornamentadas em latão, foram depois leiloadas, vendidas ou doadas a
museus europeus e norte-americanos.
Algumas destas obras chegaram ao Wereldmuseum
de Leiden, onde permaneceram expostas até à recente retirada. A restituição por
parte dos Países Baixos acontece num contexto de pressão internacional para que
os países ocidentais devolvam os objectos adquiridos durante o colonialismo. Em
2022, a Alemanha deu início à devolução de bronzes do Benim das próprias
colecções. A Nigéria espera que mais nações sigam o exemplo. No entanto, o
Museu Britânico de Londres, que possui uma das maiores colecções destes
bronzes, continua a recusar a devolução, alegando uma lei de 1963 que proíbe a
transferência de propriedade dos seus bens.
Segundo o ministro neerlandês da Cultura,
Eppo Bruins, esta restituição contribui para reparar uma injustiça histórica
que continua a ser sentida nos dias de hoje. Por seu lado, o director da
Comissão Nigeriana para os Museus e Monumentos, Olugbile Holloway, saudou
este “regresso
histórico” e considerou tratar-se de um gesto de grande
importância para “o orgulho
e a dignidade do povo do Benim, e de toda a Nigéria”. ANG/RFI

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