ONU/ Denunciados crimes de guerra nos centros de ajuda em Gaza
Bissau, 03 Jun 25 (ANG) - O Alto-Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, classificou hoje como
"crimes de guerra" os ataques israelitas contra civis perto de
centros de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
"Pelo
terceiro dia consecutivo, foram mortas pessoas nas imediações de um local de
distribuição de ajuda gerido pela Fundação Humanitária de Gaza", afirmou
Turk num comunicado citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Turk referia-se à morte de 27 palestinianos
que a Defesa Civil de Gaza disse que foram abatidos pelas forças israelitas
quando se dirigiam para um local de distribuição de ajuda da fundação apoiada
pelos Estados Unidos e por Israel.
Segundo relatórios recebidos pelo
alto-comissariado da ONU, os ataques israelitas contra palestinianos que
tentavam aceder a ajuda alimentar causaram pelo menos 62 mortos e centenas de
feridos nos últimos três dias.
Os dados referem 32 mortos no domingo, três
na segunda-feira e 27 hoje de manhã, disse o porta-voz do alto-comissariado,
Jeremy Laurence, aos jornalistas em Genebra, Suíça, segundo a agência de
notícias espanhola EFE.
"Os ataques assassinos contra civis
desesperados que tentam aceder a quantidades insignificantes de ajuda alimentar
em Gaza são inaceitáveis", afirmou Turk.
Tais "ataques contra civis constituem
uma grave violação do direito internacional e um crime de guerra", disse o
chefe dos direitos humanos da ONU.
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla
em inglês) começou a distribuir ajuda em três pontos de Gaza há uma semana,
dois no sul e um no centro.
A decisão deixou a população do norte sem
abastecimento, sendo a ajuda fornecida considerada insuficiente para os de 2,1
milhões de habitantes de Gaza.
A organização, com um financiamento opaco,
segundo a AFP, afirmou hoje ter distribuído sete milhões de refeições desde que
iniciou as operações.
A atuação da GHF tem sido marcada por cenas
caóticas e relatos de disparos israelitas perto dos centros de distribuição.
As Nações Unidas recusaram-se a trabalhar com
a GHF devido a preocupações sobre procedimentos e neutralidade.
"Os palestinianos são confrontados com a
mais terrível das escolhas: morrer à fome ou arriscar-se a ser mortos ao tentar
aceder aos escassos alimentos fornecidos pelo mecanismo militarizado de
assistência humanitária de Israel", afirmou Turk.
O alto-comissário austríaco afirmou que cada
ataque perto de centros de ajuda humanitária "deve ser investigado de
forma rápida e imparcial".
"Os responsáveis devem ser chamados a
prestar contas", afirmou.
O grupo radical Hamas, que governa Gaza desde
2007, denunciou hoje que 102 pessoas já foram mortas nos centros de
distribuição de ajuda criados por Israel.
O grupo palestiniano qualificou a situação
como "um dos crimes mais hediondos de assassínio em massa".
"A ocupação [israelita] está a utilizar
o 'mecanismo israelo-americano' como uma armadilha mortal para matar à fome,
matar e deslocar à força o nosso povo", declarou o Hamas num comunicado.
A GHF declarou num comunicado que não assume
qualquer responsabilidade "pela área fora" dos centros de distribuição,
"que continua a ser uma zona de guerra ativa".
O exército israelita admitiu ter disparado
"perto de alguns suspeitos" que deixaram a rota designada, que
abordaram as suas forças ou ignoraram os tiros de aviso.
O conflito em curso em Gaza foi desencadeado
pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram
cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação
militar na Faixa de Gaza que já provocou mais de 54 mil mortos, a destruição de
quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas
de milhares de pessoas.ANG/Lusa

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