Moçambique/Mondlane acusado de cinco crimes incluindo desobediência e terrorismo
Bissau, 22 Jul (ANG) - O político Venâncio Mondlane foi acusado pelo Ministério Público moçambicano de cinco crimes, no âmbito das manifestações pós-eleitorais, incluindo incitamento à desobediência coletiva e instigação ao terrorismo, revelou o próprio, à saída da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Perante um forte aparato
policial, com a sede da PGR, em Maputo, interdita à circulação automóvel e
pedonal, e com elementos do Ministério Público a receberem-no à entrada com
coletes antibala, o ex-candidato presidencial explicou, após 30 minutos no
interior para receber a notificação, que vai para julgamento, com o apoio de
uma "equipa internacional" de advogados, de "consciência
tranquila".
"Pelo
contrário, eu prestei um grande serviço a esta nação. É a primeira vez em 30
anos de democracia em que nós conseguimos levar até ao extremo a questão de
desvendar, tirar o véu da fraude. Tiramos a máscara da fraude e levamos até a
extrema resistência contra um regime ditatorial que se mantém com base nas
armas, com base nos assassinatos e nos sequestros", disse aos jornalistas
Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de
outubro.
"Eu prestei um grande serviço a este país. E não só. É a
primeira vez desde a independência nacional que o povo moçambicano durante uma
semana canta o hino nacional e sente o sentimento pátrio, sente que pertence a
uma pátria, sente que tem orgulho de ser moçambicano, tudo isto para mim
configura um grande serviço prestado à pátria", afirmou ainda, aludindo
aos vários meses de protestos pós-eleitorais em Moçambique.
O trânsito na avenida Vladimir Lenine, na baixa da cidade e
único acesso à sede da PGR, foi fechado cerca das 09:00 (menos uma hora em
Lisboa), após terem sido posicionados meios de dissuasão da polícia na zona,
como um tanque de água, e algumas dezenas de agentes, incluindo da Unidade de
Intervenção Rápida e brigadas cinotécnicas, que impediam a aproximação de
apoiantes de Venâncio Mondlane à PGR.
Venâncio Mondlane foi hoje chamado à PGR, pela terceira vez, no
âmbito dos processos das manifestações pós-eleitorais, tendo o Ministério
Público mantido o Termo de Identidade e Residência ao político, como medida de
coação, segundo disse o político, à saída.
Moçambique viveu desde as eleições de outubro um clima de forte
agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que
rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela
Frelimo, partido no poder, como quinto Presidente da República.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o
processo eleitoral, cerca de 400 pessoas perderam a vida em resultado de
confrontos com a polícia, além de destruição de património público e privado,
saques e violência, conflitos que cessaram após encontros entre Mondlane e
Chapo em 23 de março e em 20 de maio, com vista à pacificação do país.ANG/Lusa

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